20 de novembro de 2025
Politica

PF diz que entidade beneficiada com desvios do INSS pagou carro de R$ 400 mil para procurador

BRASÍLIA – A Polícia Federal afirma que a Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), entidade beneficiada com desvios de aposentadorias, bancou a aquisição e as despesas de um veículo do tipo SUV no valor de R$ 400 mil para o então procurador-geral do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho.

Procurada, a defesa de Virgílio disse que não iria comentar por não ter acesso aos autos. “A defesa não irá se manifestar e sequer teve acesso integral aos autos”, afirmou a advogada Izabella Borges.

O ex-procurador-geral do IINSS, Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, em depoimento à CPMI do INSS em 23 de outubro de 2025.
O ex-procurador-geral do IINSS, Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, em depoimento à CPMI do INSS em 23 de outubro de 2025.

As informações foram obtidas em diálogos e planilhas dos dirigentes da Conafer enviadas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, que decretou as prisões dos dirigentes da Conafer e de Virgílio.

Nas conversas, o presidente da entidade, Carlos Lopes, dá ordens ao operador financeiro Cícero Marcelino para pagamento das despesas envolvendo aquisição, seguro e impostos de um veículo do tipo Toyota SW4, cujo valor de mercado é de cerca de R$ 400 mil.

No dia 1º de novembro de 2023, Carlos Lopes pergunta a Marcelino: “Me fala aí do carro do Virgílio”. O operador responde que iria acertar o pagamento do seguro do veículo. “O Virgílio falou que o seguro era por nossa conta e o cara está fazendo agora a cotação do seguro e me mandando aqui”, afirmou Marcelino, segundo a transcrição apresentada pela PF.

Dias depois, Cícero Marcelino apresenta uma planilha de prestação de contas de despesas da entidade. Em um dos campos, consta a despesa “SW4 Amigo V”, ao lado da anotação: “466k dividido por 4″. De acordo com esse parcelamento, foi inscrita na planilha a despesa de R$ 116 mil para aquele mês. Para a PF, as anotações demonstram o pagamento da aquisição do carro para Virgílio, que era tratado pela alcunha “Amigo V”.

A PF também encontrou conversas travadas diretamente entre Virgílio e Cícero Marcelino sobre o IPVA de um veículo. Nos trechos dos diálogos, em fevereiro de 2024, o procurador envia uma imagem com as datas de pagamento do imposto e diz: “Pelo calendário tá atrasado aqui”. Cícero afirma: “Grande irmão. Estou pagando o IPVA”. O procurador, porém, pede para que lhe seja enviado o boleto. “Não paga não. Manda o boleto que pago por aqui”.

“A investigação apontou ainda que, além do recebimento dos valores via empresa interposta (JBO VEÍCULOS), CICERO e CARLOS pagavam despesas dos veículos dele. Da mesma forma, isso ocorria via empresas ligadas ao operador financeiro CICERO, que por sua vez recebiam valores da CONAFER, que efetuava descontos indevidos em milhares de aposentados e pensionistas do INSS”, diz a Polícia Federal.

Procurada, a defesa dos dirigentes da Conafer não respondeu aos contatos.

 

 

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