Ciro diz que aliança com União Brasil sai do papel em breve, mas critica impasse na centro-direita
O senador Ciro Nogueira (PP-PI) disse que a federação com o União Brasil, batizada de “União Progressista”, será sacramentada em breve pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Expoente do Centrão, Ciro parece preocupado, porém, com a demora dos partidos de perfil liberal-conservador em definir quem o grupo vai apoiar para a Presidência da República, em 2026.
Em mensagem publicada no X, o senador argumentou que “diante da falta de bom senso e de estratégia no centro e na direita”, conversará com o presidente do União Brasil, Antônio Rueda, para que a federação dê prioridade às eleições estaduais. Não sem motivo: a maior parte do Fundo Eleitoral que financia as campanhas é distribuída entre os partidos de acordo com o número de seus representantes na Câmara.
O aviso de Ciro foi interpretado no mundo político como um recado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que até agora não ungiu um candidato para ser o seu sucessor na disputa de 2026 contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O senador defende a candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ao Palácio do Planalto e, como mostrou o Estadão, disse para Bolsonaro, em outubro, que seu nome não está disponível para ser vice em nenhuma chapa.

“Tudo o que eu falava, estavam desvirtuando porque (diziam) que eu queria ser vice. Para encerrar essa situação, já comuniquei ao presidente Bolsonaro que vou ser candidato ao Senado”, afirmou Ciro, que é presidente do PP e em 2026 disputará o terceiro mandato pelo Piauí.
De uns tempos para cá, o casamento do PP com o União Brasil – partido conhecido como “Desunião Brasil” por causa de suas divergências internas – escancarou uma série de disputas regionais nas fileiras do Centrão.
Filiado ao União Brasil, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, lançou sua pré-candidatura à Presidência, mesmo sem apoio da maioria do partido e do PP de Ciro. Quando a federação for homologada pelo TSE, no entanto, os dois partidos precisam avalizar, por quatro anos, os mesmos candidatos nas eleições para a Presidência, os governos estaduais e as prefeituras.
A cúpula das duas siglas fez um ensaio dessa posição unificada ao anunciar, em setembro, o divórcio do governo Lula, embora ainda contabilize filiados no comando de ministérios, como André Fufuca (Esporte) e Celso Sabino (Turismo). Além disso, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e o deputado Arthur Lira (PP-AL) mantêm indicados em importantes cargos da administração federal.
Questionado pelo Estadão se está arrependido da aliança com o União Brasil, Ciro respondeu: “De jeito nenhum”.
Apesar da rota de colisão na montagem dos palanques, os partidos precisam pôr a federação de pé para ampliar as bancadas no Congresso e inflar os recursos dos fundos eleitoral e partidário, além do tempo de propaganda na TV. Juntos, o PP e o União Brasil têm hoje 109 deputados federais, 14 senadores, 7 governadores e 1.335 prefeitos.
Para valer nas eleições de 2026, a federação deve ser aprovada pelo TSE até o início de abril, seis meses antes das disputas.
