No Congresso, a disputa entre Lula e Tarcísio já começou
A direita ainda espera o aval de Jair Bolsonaro para seu candidato para 2026, mas no Congresso já tivemos uma prévia da disputa entre Luiz Inácio Lula da Silva e Tarcísio de Freitas.
O presidente da Câmara, Hugo Motta, deu início ao confronto ao escolher o deputado Guilherme Derrite (PP-SP) para relatar o PL Antifacção.
A despeito de ter experiência na área, ele é também secretário de segurança pública de São Paulo e sua indicação foi vista pelo PT como uma operação política para tirar a autoria do projeto do colo do presidente e jogar no do governador de São Paulo.

O governo fez o que pôde, apontando os erros do projeto como o enfraquecimento da Polícia Federal e da Receita.
Derrite não se importou de ir admitindo os recuos e apresentou nada menos que seis versões do projeto.
Na hora da votação, saiu vitorioso: foram 370 votos a favor e 110 contra. E se Derrite sai vitorioso, ponto também para Tarcísio, que, caso venha a se candidatar, poderá apresentar como seu o marco legal de combate ao crime organizado criado pelo seu secretário de Segurança Pública.
O PT preferiu votar contra, mesmo com todos os partidos do Centrão, que fazem parte do seu governo, votando a favor. Ficou praticamente isolado, ao lado apenas do PSOL e do PCdoB. Nos corredores da Câmara, ninguém entendeu.
O partido queria denunciar o embute, as intenções antes das modificações aceitas por Derrite. “A quem interessa enfraquecer a Polícia Federal?”, questionam os petistas.
No Senado, o partido quer tentar recuperar a autoria do PL e levá-lo de volta para as mãos de Lula.
A bancada da bala está preocupada. Nos bastidores diz que o Senado se transformou no cemitério de projetos da Câmara.
Só que, dessa vez, o clima não é favorável para o governo por lá.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, está insatisfeito com Lula, porque teve seu candidato ao Supremo Tribunal Federal preterido.
Talvez, pelos motivos errados, fez a coisa certa.
Indicou como o relator o senador Alessandro Vieira – um técnico. Que agora vai deixar a política de lado e se debruçar apenas na segurança pública, que, afinal, é o que realmente interessa.
Nesta quarta-feira, 19, Lula disse que o PL Antifacção enfraquece o combate ao crime. Para não entregá-lo ao rival Tarcísio, o presidente teria coragem de vetá-lo?
