22 de novembro de 2025
Politica

Moraes autoriza prisão após juntar as peças: Bolsonaro pretendia fugir do País

A prisão preventiva de Jair Messias Bolsonaro, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes um dia depois da inclusão do deputado Alexandre Ramagem na lista da Interpol, pode ser definida como uma “ação antidebandada”. O bolsonarismo agonizando e a contagem regressiva do trânsito em julgado da trama golpista detonaram um “salve-se quem puder”. A PF e Moraes estão de olho.

Apesar da troca do desastrado Eduardo Bolsonaro pelo até então moderado Flávio Bolsonaro na linha de frente, e do vídeo desesperado do 01 articulando uma “vigília” para dar sobrevida ao bolsonarismo, parece tarde demais: escaldados pelas prisões do 8/1 e desencantados com o antipatriotismo dos seus ídolos, os militantes abandonam as ruas, enquanto os cúmplices políticos abandonam o País.

Ao justificar a conversão da prisão domiciliar em fechada, Moraes defende que a intenção da 'vigília' de Flávio era gerar tumulto e criar o ambiente propício para a fuga de Bolsonaro.
Ao justificar a conversão da prisão domiciliar em fechada, Moraes defende que a intenção da ‘vigília’ de Flávio era gerar tumulto e criar o ambiente propício para a fuga de Bolsonaro.

A prisão de Jair Messias Bolsonaro, que não é (ainda) pela condenação por tentativa de golpe de estado, foi autorizada por Moraes após juntar as peças do quebra-cabeça numa imagem nítida: Bolsonaro pretendia fugir do País, tal como os deputados Eduardo, agora réu, Ramagem e Carla Zambelli, já condenados.

Depois de perder dois dos três lemas bolsonaristas, “Pátria” e “Família”, o clã tenta se concentrar no terceiro, “Deus”, para garantir os crentes. Com citações bíblicas, mas em tom “belicoso”, como classificou Moraes, Flávio convocou uma “vigília” no sábado à noite, na frente da casa do pai em Brasília. Horas depois do vídeo e um dia antes da vigília, o ex-presidente rompeu sua tornozeleira eletrônica.

Ao justificar a conversão da prisão domiciliar em fechada, Moraes defende que a intenção da “vigília” era gerar tumulto e criar o ambiente propício para a fuga de Bolsonaro, que, como lembrou, mora a 15 minutos de carro da Embaixada dos EUA. Donald Trump já virou a página Bolsonaro, mas não bateria a porta para ele.

Moraes teve o cuidado de determinar “todo respeito à dignidade”, sem mídia e algemas, e um atendimento médico em tempo integral para o ex-presidente, que tem saúde sabidamente frágil. A prisão de Bolsonaro, porém, comporta riscos políticos nem sempre, ou raramente, levados em conta pelo xerife do STF.

Em seu vídeo, o senador Flávio enfatizou a expressão “perseguição”, conclamou uma “reação” e a retomada do poder. Depois do 8/1, com incautos tornando-se criminosos, a sensação é de uma nova articulação capitalizando a vitimização de Bolsonaro para, em nome de “Deus”, inflamar os mesmos alvos fáceis.

É um risco, mas muitos, e não apenas Moraes, avaliam que o momento é outro, a comoção não parece tanto e os que não fugiram estão mais ocupados com o futuro: o nome da direita e suas próprias campanhas em 2026.

 

 

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