Base reclama que falta xerife no governo, e Lula não tem convicção para enfrentar segurança pública
Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva passaram a reclamar que o governo não tem um “xerife”, em referência a uma pessoa que conseguisse bancar a pauta da segurança pública de igual para igual com a oposição. A avaliação é de que o próprio petista não tem convicção de que é preciso para enfrentar o problema, o que dificulta a unidade de discurso do Palácio do Planalto em um tema que será crucial para as eleições de 2026.
Parte da base aliada de Lula defende a criação de um ministério específico para a Segurança Pública, mas perdeu as esperanças de que a ideia se concretize porque há muita divisão sobre o assunto no governo e no PT. A avaliação é de que o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, não tem afinidade suficiente com o tema para vencer a direita no discurso.
Interlocutores de Lula dizem que, até a eclosão da operação do governo do Rio contra o Comando Vermelho nos complexos do Alemão e da Penha, que fez com que a oposição passasse a dominar a pauta política, a avaliação no governo era de que a segurança pública seria tema para o debate das eleições estaduais. O Planalto foi obrigado pelas circunstâncias a entrar nesse embate, mas não consegue encontrar um discurso que cole na opinião pública
Esse incômodo de aliados de Lula cresceu após a derrota no projeto de lei antifacção na Câmara. O parecer do relator, Guilherme Derrite (PP-SP), passou com amplo apoio, apesar dos protestos do governo e do PT. O Planalto tinha a esperança de reverter pontos da proposta no Senado, até porque, na Casa, o relator Alessandro Vieira afirmou que buscará um texto de consenso. O temor no governo, entretanto, é se a insatisfação do presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), com a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF), em vez do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), poderá atrapalhar também nessa pauta.

