23 de novembro de 2025
Politica

Bolsonaro atrai 40 pessoas em 2º dia preso, com louvor, spray de pimenta e visita de Michelle

BRASÍLIA — Um dia após ter sido preso numa cela especial da Superintendência Regional da Polícia Federal (PF) em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) mobilizou cerca de 40 apoiadores em frente ao prédio.

O dia foi marcado pela visita da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, uma roda de louvor e uma briga separada pela Polícia Militar do Distrito Federal.

A pedido da PF, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes expediu no sábado, 22, a ordem de prisão preventiva. A decisão ainda não marca o início do cumprimento da pena de reclusão pela condenação por tentativa de golpe de Estado.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro visita o marido na cela especial na Superintendência da Polícia Federal em Brasília
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro visita o marido na cela especial na Superintendência da Polícia Federal em Brasília

Autorizada por Moraes, Michelle chegou às 15h em ponto para visitar o marido e só deixou o prédio às 16h52, a poucos minutos do prazo final para a estada. Bolsonaro, no entanto, pôde ser visto se despedindo da esposa, fora de sua cela. A imagem do fotógrafo Wilton Júnior, do Estadão, mostra Bolsonaro de pé, com expressão séria.

Michelle deixou a PF sem falar com a imprensa, em meio a um tumulto de jornalistas e os apoiadores que queriam vê-la. Ela não presenciou a prisão do marido na manhã do sábado, uma vez que tinha viajado ao Ceará para um evento.

Parlamentares como Delegado Caveira (PL-PA), Paulo Bilynskyj (PL-SP) e Marcos Pollon (PL-MS) foram ao local para conversar com apoiadores, mas também não deram entrevistas.

A única declaração dada pela ex-primeira-dama desde a prisão preventiva do marido se deu por escrito, numa publicação às 11h deste domingo. “Deus não perdeu o controle de nada. Ele reina. Seu trono tem como fundamento a justiça e o juízo. Vamos continuar orando”, escreveu.

Apoiadores de Bolsonaro na frente da sede da Polícia Federal em Brasília
Apoiadores de Bolsonaro na frente da sede da Polícia Federal em Brasília

Havia cerca de 40 apoiadores no auge da mobilização. Eles passaram o dia do outro lado da rua, a Estrada Setor Policial Militar. Por volta das 16h25, eles cantaram louvores, segurando bandeiras do Brasil e com as mãos levantadas em direção à PF para “abençoar Bolsonaro”.

“Não há ferrolhos, nem portas/ Que se fechem diante da Tua voz/ Não há doenças, nem culpa/ Que fiquem de pé diante de nós/ E a tempestade se acalma/ Na voz Daquele que tudo criou/ Pois Tua palavra é pura/ Escudo para os que n’Ele creem”, cantaram eles a canção “O Escudo”, do grupo cristão Voz da Verdade.

O dia chuvoso em Brasília atrapalhou aqueles que foram à PF se manifestar. Eram apenas três no início da manhã, e o número aumentou no começo da tarde com a saída breve do sol. Uma apoiadora que chegava após o almoço afirmou que não tinha hora para ir embora.

Um deles segurava um cartaz pedindo aos motoristas que buzinassem em favor da anistia, em referência ao projeto de lei que visa perdoar os condenados pelos ataques de 8 de Janeiro. A placa motivava tanto buzinas de apoiadores quanto ofensas de opositores.

Jair Bolsonaro na sede da Polícia Federal, onde está preso, despedindo-se da esposa Michelle
Jair Bolsonaro na sede da Polícia Federal, onde está preso, despedindo-se da esposa Michelle

Os demais cartazes tinham as costumeiras críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a Moraes, um pedido de “anistia ampla, geral e irrestrita” escrita em inglês.

Às 16h45, um detrator de Bolsonaro apareceu em frente à superintendência com uma garrafa de espumante, brindando em homenagem à prisão do ex-presidente. Um bolsonarista atravessou a rua para brigar com ele, e um policial militar dispersou com spray de pimenta a multidão que se aglomerava para ver a confusão — no momento de maior tensão da tarde.

Mais tarde, um grupo de mulheres foi até a frente da superintendência com latas de cerveja para tirar foto — e sarro — da situação de Bolsonaro, e também foi interpelado pelos defensores de Bolsonaro do outro lado da rua.

Ministros devem manter prisão

A Primeira Turma do STF decide nesta segunda-feira, 24, se mantém a decisão de Moraes sobre a prisão preventiva — a tendência é de mantê-la. Os ministros terão das 8h às 20h para depositarem seus votos, concordando ou não com o relator.

Moraes determinou a prisão de Bolsonaro alegando risco de fuga, após o senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, convocar uma vigília de apoiadores na frente do condomínio onde o pai estava em prisão domiciliar.

Além disso, na madrugada de sábado, o ex-presidente queimou a tornozeleira com um ferro de solda, conforme confissão do próprio Bolsonaro à agente da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal que verificou a ocorrência.

Em audiência de custódia neste domingo, Bolsonaro culpou “paranoia” e “alucinação” pela tentativa de violar a tornozeleira. Mais tarde, em resposta a determinação de Moraes, a defesa defendeu que, apesar de ter danificado a tornozeleira, Bolsonaro não retirou o equipamento e que não havia intenção de fuga.

Os advogados pediram uma nova prisão domiciliar humanitária, apontando problemas de saúde. Moraes ainda não analisou o pedido.

Regra para visitas

O ministro definiu neste domingo as regras para que Bolsonaro receba as visitas dos filhos — Carlos, Flávio e Jair Renan, já que Eduardo está nos Estados Unidos.

As visitas de familiares no local devem ocorrer às terças-feiras e quintas-feiras, das 9h às 11h, com duração de 30 minutos e limitação de dois familiares por dia de visita, de acordo com uma portaria publicada em 2024. Cada parente realizará a visita ao preso separadamente, e a ordem de visitas foi definido pelo ministro por ordem alfabética:

  • Terça-feira, 25, das 9h às 11h – Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro pelo PL, e Flávio Bolsonaro, senador pelo PL do Rio de Janeiro (que deverão visitá-lo separadamente)
  • Quinta-feira, 27, das 9h às 11h – Jair Renan Bolsonaro, vereador por Balneário Camboriú (SC)

 

 

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