A bronca dos banqueiros com Campos Neto no caso Master
Se sobravam elogios a Gabriel Galípolo, não eram poucas as cobranças a seu antecessor, Roberto Campos Neto, entre os maiores banqueiros brasileiros no caso do banco Master.
Em conversas reservadas com a coluna durante o almoço de fim de ano da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), as acusações eram fortes.
Alguns chegavam a dizer que Campos Neto prevaricou, porque viu o problema surgir, crescer e nada fez.
Isso porque o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) e a Febraban avisaram, em comunicação escrita, ao Banco Central do aumento das vendas de CDBs arriscados feitas pelo Master.

O FGC tem agora um buraco de R$ 41 bilhões para cobrir do Master – logo o problema ainda vai longe.
A percepção é que, comprometido com um grupo político, Campos Neto se eximiu da responsabilidade.
O ex-presidente do BC é muito próximo do senador Ciro Nogueira (PP-PI). A Polícia Federal, no entanto, ainda não identificou o político envolvido no caso.
Já Galípolo fazia parte da diretoria do Banco Central, mas na área de política monetária, que estava distante do problema. Ele foi indicado pelo governo do PT, tradicionalmente mais distante dos banqueiros.
Questionados se o atual presidente do BC vai punir o antecessor, os banqueiros desconversavam. Afinal, tratam-se dos mesmos técnicos e de um certo corporativismo.
O que os bancos esperam agora é que Galípolo aperte as regras para evitar o surgimento de um “novo” Master.
Os banqueiros elogiavam Galípolo por ter liquidado o Master.
Em seus agradecimentos, Isaac Sidney, presidente da Febraban, agradeceu Galípolo por “elevar a régua da dignidade institucional” do BC
Procurado, Campos Neto, hoje vice-chairman do Nubank, não deu entrevista.
