9 de dezembro de 2025
Politica

‘Moraes quer matar Bolsonaro e forçar presidenciável sem sobrenome da família em 2026′, diz Eduardo

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BRASÍLIA – Para o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é uma tentativa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de levar seu pai à morte antes das eleições de 2026 e forçar um candidato a presidente sem o sobrenome da família.

O parlamentar, tornado réu no Supremo por coação no curso do processo, vê o cerco se fechar contra si e diz que a conjuntura atual torna “inviável” seu retorno ao Brasil. A declaração foi dada em entrevista ao Estadão nesta terça-feira, 25.

O deputado Eduardo Bolsonaro critica a prisão do pai
O deputado Eduardo Bolsonaro critica a prisão do pai

O ex-presidente começou nesta terça-feira a cumprir a sentença de 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado. Ele continua numa cela especial na Superintendência Regional da Polícia Federal em Brasília, onde está desde sábado, 22, quando passou a cumprir prisão preventiva após violar a tornozeleira eletrônica.

Eduardo diverge do que foi decidido pelo seu partido, o PL, nesta segunda-feira, 24. O encontro na sede da legenda reuniu cerca de 50 parlamentares, teve o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) ungido como porta-voz do pai e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro cobrando que os correligionários parem de lavar roupa suja em público.

Para Eduardo, no entanto, “sempre haverá confusão” sobre quem fala por Bolsonaro enquanto ele estiver preso, e é preciso reagir publicamente a atritos públicos entre bolsonaristas. O deputado também diz que não deve nada ao PL, ao defender sua atuação em solo americano.

Hoje se encerra o prazo para o julgamento da denúncia contra o sr. no STF. A Primeira Turma já formou maioria para torná-lo réu. Como isso impacta seus planos nos Estados Unidos?

Tudo o que eu sei é com relação ao que a imprensa noticia. Eu não fui notificado de absolutamente nada. O meu desejo era estar no Brasil, mas se eu retornar vou ser preso, porque não há segurança nenhuma jurídica no País. O (ministro do STF Alexandre de) Moraes acabou de prender o presidente Jair Bolsonaro. Não tem nenhum nexo, nenhuma relação dele com golpe nenhum. Nesse cenário, fica inviável o meu retorno ao País, ao menos neste momento.

A Defensoria Pública, que faz a defesa do sr., alegou que o sr. “não tem poder de decisão sobre a política externa dos Estados Unidos e não exerce função pública nos Estados Unidos”. O que acha da linha da defesa?

Eu agradeço ao trabalho da Defensoria Pública. Sempre reconhecer, ainda para os mais cruéis bandidos, que é necessário, sim, a atuação de um advogado de defesa. Agora, por mais brilhante que possa ser, podem colocar o Rui Barbosa para ser defensor. Não vai surtir efeito. A gente já não está mais no campo jurídico.

Em relação à prisão preventiva no fim de semana, o presidente Bolsonaro disse que danificou a tornozeleira por curiosidade, e depois citou uma paranoia como resultado da mistura dos medicamentos. Qual sua impressão sobre isso?

Quem tem responsabilidade nisso é o Moraes. Absolutamente nenhum bandido do Brasil está com tornozeleira eletrônica 24 horas por dia, policiais ao redor da sua casa. Moraes quer humilhar, pressionar, torturar psicologicamente. Quem quer tirar a tornozeleira corta a pulseira, não abre o dispositivo em si. A intenção do Moraes é assassinar o Bolsonaro. Eles pressionaram ao máximo, ameaçaram para que o Bolsonaro indicasse um sucessor que fosse do gosto de Alexandre de Moraes. O Bolsonaro, valentemente, se recusou a fazê-lo, ainda sabendo que poderia pagar anos e décadas de prisão em virtude disso. Então, o Moraes agora está apelando para ver se consegue matar o Bolsonaro antes da eleição de 2026.

Quem seria esse sucessor “do gosto de Moraes”?

Qualquer um que não levasse o sobrenome Bolsonaro, que não fosse identificado com o movimento bolsonarista.

O governador (de São Paulo) Tarcísio de Freitas, por exemplo?

Aí é você quem está falando (risos). Mas eu acho que os pretensos candidatos que não tiverem problemas com o Alexandre de Moraes, esses aí certamente o Moraes gostaria de ver como presidente. Aqueles com os quais ele tem diálogo.

Nessa reunião de segunda, Michelle Bolsonaro pediu união e que os parlamentares parassem de lavar roupa suja em público. O sr. é alguém que tem feito críticas a outras pessoas de direita nas redes sociais. O sr. concorda com esse pedido da Michelle? Ou acha que alguns recados precisam ser passados em público mesmo?

Eu acho que quem for para se unir, vai se unir pelo propósito, pelos princípios. O que eu tenho feito é me defender. Por exemplo, eu estava quieto e o governador (do Mato Grosso) Mauro Mendes veio e falou que eu estou fazendo besteira. Eu tinha que respondê-lo. O governador (de Minas Gerais) Romeu Zema, mesma coisa. Como diz o professor Olavo de Carvalho, moderação na defesa da verdade é serviço prestado à mentira. Eu acredito que muito dessa posição de “deixa para lá”, “deixa disso”, não resolve o problema. Eu trato várias vezes internamente. Às vezes a gente consegue resolver, às vezes não. Ficar quieto é a fórmula para chegar aonde nós estamos: uma direita onde não há uma hierarquia, onde cada um trabalha pelo seu próprio projeto de poder. E aí acaba dando margem a esses atritos. Se nós quisermos formar um movimento organizado, toda vez que houver um atrito público, ele tem que ser respondido publicamente.

O senador Flávio foi anunciado como porta-voz do presidente Bolsonaro nessa reunião. Isso foi alinhado com o sr.?

Enquanto durar a prisão do Bolsonaro, sempre vai haver essa confusão de quem fala por ele, quem fala, quem não fala. Isso daí é uma variante que cada um vai acabar acreditando no que quiser. Eu acho que vai seguir dessa maneira. Tanto o Flávio como o Carlos, a Michelle, são pessoas que são próximas do meu pai e vão ter acesso a ele. Eu acho importante que sigam tendo essa proximidade pelo ponto de vista principalmente emocional.

Na reunião do PL, perguntaram ao senador Flávio qual orientação deveriam seguir, a sua ou a dele, porque às vezes o comportamento do sr. nos Estados Unidos contrasta com o que PL vem tendo aqui no Brasil. Qual é a saída para isso?

Eu devo satisfação ao meu eleitor. O que eu devo ao PL? Ou será que é o PL que deve ao Bolsonaro por ter a maior bancada da Casa? Vamos imaginar Eduardo Bolsonaro em outro partido: será que eu perderia a minha força política? É óbvio que não.

O sr. e o seu irmão Flávio estão alinhados em relação à candidatura da direita em 2026?

O alinhamento com o Flávio é natural, não precisa nem conversar. É aquela dupla de ataque entrosada. Muitas das vezes, como a gente enxerga o cenário da mesma maneira, não precisa passar por um afinamento dessas questões.

Dias atrás, Flávio publicou uma foto com o governador Tarcísio, dizendo que os dois estarão juntos no ano que vem.

O Flávio sempre está pensando em… Ele tem um perfil mais articulador, e eu sou um perfil mais combativo. Então, é o perfil de cada um. Agora, eu, por ser eleito pelo Estado de São Paulo, por andar mais em São Paulo do que o Flávio, eu tenho uma outra percepção. Enfim, todos nós temos liberdade para postar, tirar foto, o que quer que seja.

Há críticas de alguns bolsonaristas de que o comportamento de Flávio, em momentos como esse, acaba sendo dúbio. O sr. vê razão nelas?

Olha, o Tarcísio fala que ele é candidato à reeleição do governo do Estado de São Paulo. Ele está muito bem posicionado (para isso). Ele (concorrer) à Presidência da República seria algo arriscado, tanto é que, mesmo depois de encontrar com o Bolsonaro ainda em prisão domiciliar, o Tarcísio saiu da casa dele falando que era candidato à reeleição ao governo do Estado de São Paulo. E não existe linguagem dúbia do Flávio. É o que eu falo, são perfis diferentes. Mas eu e o Flávio, a gente é totalmente alinhado.

O sr. pode ficar fora da eleição se for condenado pelo STF…

Mas mantenho íntegros o meu nome e a minha honra.

O sr. ainda vê chances numa candidatura presidencial sua?

Numa democracia normal, uma pessoa de passado limpo igual a mim, advogado, policial federal, uma pessoa que transita bem no cenário internacional, no meio dos conservadores, eu acho que seria natural uma candidatura a presidente. Se Jair Bolsonaro optasse por não disputar e quisesse apoiar o meu nome, já coloquei à disposição, ou a senador pelo Estado de São Paulo, o que seria também bastante honra. O complicado é que a gente tem uma Suprema Corte que interfere na política. Eu não penso na próxima eleição. Estou pensando no projeto de longo prazo. Se for necessário começar tudo do zero, por que não? Eu tenho 41 anos de idade, sou jovem.

Como a prisão de Bolsonaro afeta a direita?

Acho que pode haver uma resposta dos americanos. Se Moraes não está muito preocupado com a Lei Magnitsky, sanções e perda de visto, resta saber se as pessoas que embasam as decisões dele também estão nessa mesma página. A prisão de Bolsonaro, um dia após a suspensão de tarifas de certos produtos, pode ser interpretada aqui nos Estados Unidos como um desrespeito à boa sinalização do presidente Trump.

O sr. ouviu algo assim em Washington?

Não. Na verdade, eu li uma matéria do The New York Times falando nesse sentido (“Brasil desafiou Trump e venceu”, publicado na segunda-feira, 24).

Falando nisso, a negociação entre os governos dos Estados Unidos e do Brasil avançou nos últimos dias, e observadores têm colocado isso como uma vitória do presidente Lula. O sr. atribui a quê?

Foram retiradas as tarifas de vários outros países também, e de produtos específicos, que são produtos que estão pesando na inflação aqui no bolso do consumidor norte-americano. Então, eu não vi muita desenvoltura do nosso Itamaraty. Eu não sei o quanto de frutífero vem daí, para não dizer que não vem nada. Até porque as questões políticas seguem. Ninguém recuperou o visto, a Magnitsky segue. Então, foi completamente comercial, não uma vitória para o Brasil, mas uma vitória para o Trump que tenta reduzir a inflação interna aqui nos Estados Unidos.

Quais foram os motivos para as viagens a El Salvador e Bahrein na última semana, e que resultados o sr. traz de lá?

Eu sou presidente do grupo parlamentar Brasil-Bahrein. O Oriente Médio é uma região onde eu vou tem um bom tempo. Já me encontrei, mesmo quando meu pai não era presidente, com o presidente dos Emirados Árabes, o Mohammed Bin Zayed. Tenho uma relação próxima com a autoridade do Bahrein. São amizades que ficam, colegas, que eu tenho uma relação pessoal. A El Salvador foi uma segunda visita, para acompanhar os presidentes das Comissões de Segurança Pública tanto da Câmara, o deputado Paulo Bilynskyj, quanto do Senado, Flávio Bolsonaro. Eu também tenho uma relação pessoal com o ministro da Justiça de El Salvador, Gustavo Villatoro. Ele já esteve presente no meu evento, o CPAC Brasil, em Santa Catarina. Eu incentivo todos os parlamentares a fazerem essa viagem, porque o que aconteceu em El Salvador é um milagre. E eu gostaria muito que fosse replicado no Brasil essa guerra que encarcera bandidos e não permite que eles retornem tão rapidamente à sociedade.

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