“Rodas de Inclusão” promove diálogo sobre mobilidade urbana, cultura afro e combate ao racismo estrutural em Salvador
Publicado em 28/11/2025
A Secretaria de Mobilidade de Salvador (Semob) realizou, nos dias 25 e 26 de novembro, a edição do projeto “Rodas de Inclusão: Mobilidade Urbana e Cultura Afro”. O encontro, sediado no auditório da SEMOB, reuniu servidores, especialistas e convidadas para discutir racismo estrutural, identidade negra e ações de valorização cultural, incluindo a representatividade dos penteados afro e oficinas práticas de tranças.A atividade faz parte do Programa de Combate ao Racismo Institucional (PCRI) da prefeitura de Salvador.
A programação dos dois dias incluiu exibição da Coleção Antirracista, com debates sobre identidade negra, equidade e resistência; rodas de conversa; oficina de tranças e transporte especial para os participantes partindo de diversos pontos da cidade.
Rogério Baraúna, gerente de pesquisas da Semob e organizador do evento, destacou a relevância do encontro para o fortalecimento da consciência racial dentro das instituições públicas. “Foi um momento muito especial para os colaboradores da Semob onde discutimos o racismo estrutural. E além do debate, tivemos a oficina de tranças, que foi um grande sucesso. O cabelo da mulher é a coroa da rainha, e foi muito simbólico”, afirmou.
O evento contou com a participação de Beatriz Queiroz, educadora trancista e palestrante, que ressaltou a importância da estética afro como afirmação cultural e política. “Trazer essa representatividade dos penteados para o projeto mostra que o nosso cabelo tem poder e força dentro da nossa ancestralidade e da nossa vida. Muitas mulheres negras ainda evitam usar penteados que representem sua cultura por medo da discriminação. Quando mostramos a raiz cultural desses penteados, fortalecemos a autoestima e a identidade”, disse.
Além da dimensão histórica e simbólica, Beatriz também abordou orientações práticas de cuidado para agentes de trânsito e servidoras que trabalham sob condições diversas de clima e uso constante de capacetes. “A autoestima tem que estar presente independente da função. Recomendo penteados mais leves, com divisões mais largas, e produtos específicos para o couro cabeludo. Mesmo com tranças, o cuidado é o mesmo: limpeza, tônicos diários e massagem, garantindo saúde capilar”, concluiu.
Antonia Rodrigues, colaboradora do administrativo da Semob, reforçou a necessidade do engajamento dos servidores e da presença ativa nas discussões. “Eu acho esse evento importantíssimo. É preciso debater não só no mês de novembro, mas constantemente. É sobre o nosso dia a dia, nossa postura e como evoluir em relação à aceitação. A causa é nobre e deve ser levada adiante sempre”, afirmou.
Também esteve presente Rosângela Rodrigues, gestora e representante das marcas Léo Kings e Renine Cosméticos, que compartilhou sua atuação no acolhimento a mulheres que sofrem discriminação relacionada ao cabelo crespo. “Recebemos mulheres todos os dias que passam por racismo e agressões por usar fibras. Nessa atividade falamos de cabelo com curvatura. O cabelo crespo é lindo sim. Nosso propósito é oferecer produtos que respeitam a beleza real e empoderam essas mulheres, para que elas mantenham sua coroa linda e com saúde, com ou sem fibra”, disse.
Representando a Secretaria de Reparação (Semur), Milena Rebouças, reforçou a relevância de ações como essa dentro da administração pública. “É uma pauta que precisa ser discutida constantemente. O racismo acontece o tempo todo e atinge todas as classes. Momentos como este permitem que os servidores se apropriem dos conceitos e entendam as políticas públicas existentes para se defender e também atuar como multiplicadores. É fundamental que o servidor conheça seus direitos e saiba que providências tomar em caso de racismo”, afirmou.
