3 de dezembro de 2025
Politica

Com risco de fim político, Família Bolsonaro torna mais hostil escolha de candidatos os Estados

Com medo de perder influência e definhar na política nos próximos anos, o bolsonarismo deflagrou uma “guerra fratricida” nos Estados, com uma série de “traições” na formação de chapas para 2026. O objetivo é garantir que os mais radicais do grupo liderem as candidaturas, e nomes de centro tenham menos espaço.

Esse cenário tende a se aprofundar com a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro em regime fechado, decretada na semana passada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e conta principalmente com a pressão dos filhos zero dois e zero três do capitão: o vereador Carlos Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro.

Há uma avaliação entre os aliados mais fiéis de Bolsonaro de que seu legado pode ser apagado se figuras mais moderadas assumirem o controle das candidaturas nos Estados e no Distrito Federal. O temor é de que o bolsonarismo “desapareça” até a eleição de 2030 se nada for feito para manter o radicalismo vivo.

São Paulo, maior colégio eleitoral do País, está com um cenário cercado de “se”. Se o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disputar a Presidência, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) aparece como o mais forte à sucessão. Mas os Bolsonaros não o aceitam. Um dos motivos é porque ele não abraça incondicionalmente a defesa do ex-presidente. Além disso, em todo o período em que Bolsonaro estava na prisão domiciliar, o prefeito não manifestou interesse em visitá-lo.

O secretário de Segurança Pública estadual Guilherme Derrite (PP), que relatou na Câmara o projeto de lei antifacção, tem maior simpatia do grupo. No entanto, deve assumir a disputa por uma das vagas ao Senado, já que Eduardo Bolsonaro não pretende voltar dos Estados Unidos, especialmente depois de virar réu no Supremo Tribunal Federal.

As confusões em Santa Catarina e no Distrito Federal também não foram solucionadas e passam justamente pelo seguinte questionamento: quem tem o sobrenome ou é o mais fiel escudeiro?

A família Bolsonaro tenta minar a candidatura ao Senado do governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), que inspira desconfiança no núcleo familiar do ex-presidente. O governador foi criticado recentemente por aliados de Bolsonaro por ter dito que a prisão do ex-presidente não era seu assunto, mas sim da Justiça. O grupo, então, lançou o nome da deputada federal Bia Kicis (PL), rompendo acordo anterior com Ibaneis, e também tem a ex-primeira-dama Michelle na disputa.

Além disso, Ibaneis ficou com a imagem arranhada por ter defendido de forma enfática que o Banco de Brasília (BRB) comprasse o Banco Master, antes de a instituição ser liquidada pelo Banco Central após a prisão de seu dono, o empresário Daniel Vorcaro.

Em Santa Catarina, o ex-presidente impôs a candidatura do filho Carlos (PL-RJ) e embaralhou as articulações locais. O governador de SC, Jorginho Mello (PL) bancou o nome do senador Esperidião Amin (PP) e deixou Caroline de Toni (PL) sem espaço na chapa.

A parlamentar passou a negociar uma filiação ao Novo para continuar na disputa, como antecipou a Coluna do Estadão, e recebeu o apoio de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para concorrer ao lado de Carlos e derrotar o senador do PP, que não é bolsonarista raiz.

Até a escolhas do vice de Mello virou motivo de confusão. A família do ex-presidente observa que se o governador for reeleito, seu vice será o sucessor natural na disputa pelo governo estadual catarinense em 2030. E, caso não tenha “bolsonarismo na veia”, deixará o movimento morrer num dos estados em que é mais presente atualmente.

Apoiadores do ex-presidente da República Jair Bolsonaro  em frente à Superintendência da Polícia Federal em Brasília
Apoiadores do ex-presidente da República Jair Bolsonaro em frente à Superintendência da Polícia Federal em Brasília

 

 

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