PF apreendeu com Vorcaro extratos de fundos de gestora investigada por lavagem de dinheiro
BRASÍLIA – A Polícia Federal apreendeu na residência do empresário Daniel Vorcaro, do Banco Master, documentos sobre a movimentação de recursos em fundos de investimento administrados pela Reag, gestora investigada na Operação Carbono Oculto por suspeitas de operar esquemas de lavagem de dinheiro. Essa investigação também mirou alvos ligados à organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) em operações de lavagem.
Procurada, a Reag afirmou que seus fundos são produtos “regulados e auditados” e negou o envolvimento deles em operações irregulares. Disse ainda que não existe nenhum vínculo desses fundos com o PCC nos autos da investigação da Carbono Oculto (leia ao final). Procurada por meio de sua assessoria, a defesa de Vorcaro não se manifestou.

Os documentos foram encontrados durante cumprimento de busca e apreensão na residência de Vorcaro em Brasília, na Operação Compliance Zero, no dia 18 de novembro. Os papéis estavam no escritório da casa, que fica na região do Lago Sul, área nobre da capital federal.
Esses extratos reforçam os vínculos da Reag com o Master. Quando a operação Carbono Oculto foi deflagrada, a gestora admitiu publicamente que um dos fundos administrados por ela negociou a compra de CDBs do banco de Vorcaro.
A PF decidiu apreender os itens por avaliar que podem ter relevância para a investigação, já que há suspeitas de que o Master realizou operações financeiras fraudulentas por meio dos fundos geridos pela Reag. Para os investigadores, esses fundos poderiam servir para desvio de recursos do patrimônio do banco e operações de lavagem.
Como revelou o Estadão, a PF também encontrou na residência um envelope com o nome do deputado federal João Carlos Bacelar (PL-BA) contendo documentos sobre uma transação imobiliária. No termo de apreensão, a PF descreveu da seguinte forma o documento: “Pasta da Câmara dos Deputados, com um documento dentro com o título de Termo de Operação de Compra de Imóveis”.

Ainda no escritório, a PF apreendeu um envelope timbrado do Banco de Brasília (BRB) contendo documentos sobre a venda de carteiras de crédito consignado do Banco Master para o banco público do Distrito Federal. Esse é o foco principal do inquérito da Polícia Federal, que suspeita que o BRB pagou R$ 12 bilhões ao Master por carteiras de consignado falsas apenas com o objetivo de ajudar a instituição financeira de Vorcaro.
No termo de apreensão, a PF registrou: “Envelope do BRB, com documentos impressos em nome do Banco Master e do BRB, com o título de Memorando de Entendimentos sobre Parceria Comercial para Compra e Venda de Carteiras de Crédito Consignado e Transferência de Tecnologia, encontrado no escritório da casa”.
Os investigadores também apreenderam documentos sobre transações no exterior em nome de outras pessoas. A PF vai apurar qual a relação delas com Vorcaro.
O banqueiro foi preso na deflagração da operação, mas acabou sendo solto na sexta-feira passada, 28, por decisão da desembargadora Solange Salgado, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).
Leia a íntegra da nota da Reag:
A Reag esclarece que não existe, em nenhuma das milhares de páginas produzidas e encaminhadas à Justiça pelo Ministério Público, pela Receita Federal ou pela Polícia Federal, qualquer menção que estabeleça conexão entre a Reag e o PCC. Essa associação não consta de nenhum documento oficial, de nenhuma denúncia, relatório de análise ou manifestação das autoridades competentes.
A empresa reforça que não é alvo da Operação Compliance Zero e não possui qualquer relação com os fatos investigados envolvendo o Banco Master. Os fundos mencionados são produtos regulados, auditados e plenamente supervisionados pela CVM e pelo Banco Central, e seguem todas as normas aplicáveis ao mercado financeiro.
Desde o início das apurações relacionadas à Operação Carbono Oculto, a Reag tem colaborado integralmente com as autoridades, fornecendo informações, documentos e acesso aos seus sistemas sempre que solicitado. Essa postura transparente já é de conhecimento do Ministério Público e da Polícia Federal.
A Reag permanece à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais, reafirmando seu compromisso com a conformidade regulatória e a integridade de suas operações.
