CPI do INSS rejeita convocação de Lulinha e Jorge Messias
BRASÍLIA – A CPI do INSS rejeitou nesta quinta-feira, 4, os requerimentos que pediam a convocação de Fábio Luís Lula da Silva, filho mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e do advogado-geral da União, Jorge Messias, para depor ao colegiado.
Por 19 votos a 12, os governistas conseguiram a rejeição do pedido de comparecimento de Lulinha, como é conhecido do filho do presidente, para esclarecimentos.
O requerimento, de autoria do deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS), se baseava no registro de que João Muniz Leite, ex-contador da família, teria recebido R$ 120 mil de Ricardo Bimbo, dirigente do PT. Bimbo foi beneficiado por repasses de empresa suspeita de integrar esquema de descontos ilegais a aposentados.

“A coincidência temporal entre os repasses da ADS, os pagamentos realizados por Bimbo e o vínculo direto desse contador com Lulinha é grave e exige esclarecimento imediato”, diz o texto.
O requerimento cita ainda que Leite é investigado pelo Ministério Público de São Paulo por suspeita de lavar dinheiro para o PCC. Atualmente, Lulinha vive na Espanha, onde tem atuado na área de tecnologia.
Os parlamentares também rejeitaram, por 19 votos a 11, a convocação do ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, indicado por Lula para o Supremo Tribunal Federal (STF).
O pedido já havia sido formalizado por integrantes da CPI no início dos trabalhos do colegiado, mas ganhou força após o Estadão revelar que Messias foi informado dos indícios de irregularidades do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi-FS).
Mesmo diante dos alertas, o advogado-geral da União excluiu o sindicato de ação para o bloqueio de bens de entidades suspeitas de envolvimento no esquema de descontos ilegais a aposentados. O Sindnapi tem como vice-presidente José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão de Lula.
O Sindnapi aparece em um processo interno da AGU, de 2024, que listou nove “principais” entidades com “aumento significativo” de reclamações judiciais sobre descontos não autorizados.
Esse processo reunia informações para que, “caso comprovadas as irregularidades na inclusão dos descontos”, fosse realizado o “cancelamento dos convênios” com o INSS.
Os documentos afirmam textualmente que essas informações serviriam para “encaminhamento de pedido de providências” junto à autarquia previdenciária para dar “início ao procedimento de averiguação de indícios de irregularidades e instauração de processo administrativo de cancelamento dos convênios”. A observação foi feita em abril de 2024.
Ao pedir à Justiça, em 8 de maio de 2025, o bloqueio de bens de entidades suspeitas de fraudar aposentados, Messias não levou em conta esses achados da AGU e deixou de fora seis das nove entidades mencionadas no levantamento da instituição que lidera.
Procurada, a AGU afirmou que o documento em questão – fruto de uma fiscalização em uma de suas equipes com 63 procuradores da região Sul – não tinha objetivo identificar fraudes e não levantou elementos suficientes para providência judicial. Disse ainda que atuou tecnicamente com base em critério aplicado a partir de apurações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU).
