4 de dezembro de 2025
Politica

Joesley, Maduro, Trump, Lula e o capitalismo de laços

A agência Bloomberg noticiou que o bilionário Joesley Batista viajou a Caracas para tentar convencer o ditador Nicolás Maduro a renunciar, evitando uma invasão americana. Ele agiu por iniciativa própria, mas avisou Washington e Brasília da empreitada.

Trata-se de diplomacia do mais alto nível e deixa uma pergunta. Como um empresário recebeu os avais informais dos governos de Donald Trump e de Luiz Inácio Lula da Silva para tratar do assunto?

Joesley Batista, o ditador venezuelano Nicolás Maduro e o presidente Lula
Joesley Batista, o ditador venezuelano Nicolás Maduro e o presidente Lula

Só é possível compreender por meio do capitalismo de laços tão comum na América Latina. O que espanta é o quanto os Estados Unidos sob Trump estão se latino-americanizando.

É conhecida a história de quanto a JBS cresceu e se diversificou com a ajuda do BNDES, a delação premiada dos irmãos Batista, e sua volta por cima. Por isso, vamos nos ater aos dois outros ramos: Venezuela e Estados Unidos.

Joesley esteve pela primeira vez na Venezuela em setembro de 2013, numa missão encabeçada pelo então ministro da Indústria, Fernando Pimentel, quando Dilma Rousseff era presidente.

Numa Venezuela já em crise, enviou navios e navios com carne e leite em pó para o país. Depois disso, foi muitas vezes a Caracas, onde era cortejado como “o amigo do Lula”. Tornou-se próximo do poderoso Diosdado Cabello, na época presidente do Congresso.

Já no governo Lula 3, chegou a anunciar importação de energia pela Venezuela por meio do braço de energia do grupo, a Âmbar, mas o negócio não se concretizou. Hoje, não tem negócios no país, mas os contatos se mantiveram.

Nos Estados Unidos, os Batista são donos de uma empresa gigantesca, com 90 fábricas e 80 mil postos de trabalho, mas nunca haviam encontrado um ambiente tão similar a sua maneira de atuar até a chegada de Trump ao poder.

Lobistas que estão em Washington contam que Trump transformou a Casa Branca num balcão de negócios. O lobby, que antes funcionava no Congresso, migrou para o Salão Oval.

O tarifaço tornou ainda mais propício o toma lá, dá cá. Para derrubar uma tarifa, o caminho foi fazer lobby junto aos assessores do presidente.

Doador de campanha e gerador de milhares de empregos locais, Joesley teve canal direto com Trump. Explicou para ele a realidade da política brasileira e abriu caminhos para Lula.

Acostumado com líderes carismáticos e populistas, o empresário sabe bem que Trump, Maduro e até Lula não são tão diferentes entre si.

 

 

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