4 de dezembro de 2025
Politica

Motta diz que STF invade competência do Congresso em decisões sobre emendas; Dino rebate críticas

BRASÍLIA – O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse que o Supremo Tribunal Federal (STF) invade a prerrogativa do Congresso em decisões sobre a execução de emendas parlamentares.

“Aquilo que invade a prerrogativa do Congresso, no que diz respeito a um direito nosso, que é participar do Orçamento, de ter construído a impositividade do Orçamento, que deu ao Legislativo independência, autonomia, para sair de um período onde os deputados viviam na política do ‘toma lá, dá cá’, e isso é muito prejudicial ao País”, afirmou nesta quinta-feira, 4, durante o evento Fórum Jota – Segurança Jurídica, em Brasília.

Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados
Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados

“O Congresso não aceitará retrocessos nesse sentido”, acrescentou. Motta reclamou que há uma “generalização” no entendimento de que o Orçamento é mal executado. “A maioria dos parlamentares trabalha realmente de maneira correta, de maneira séria na destinação dos recursos”, defendeu.

Ele ponderou que considera positiva a atuação do Supremo quando se trata de “trazer mais transparência”. “No ponto de vista das emendas, eu penso que o Supremo Tribunal Federal, cumprindo o seu papel de poder trazer mais transparência, trazer ali a legitimidade de quem diga as emendas, eu penso que tudo isso é positivo.”

O presidente da Câmara ainda afirmou que existem problemas na execução do Orçamento que são de responsabilidade do Executivo. O Supremo ainda vai julgar se a impositividade na execução das emendas parlamentares é constitucional. A ação é relatada pelo ministro Flávio Dino.

Dino critica noção de que emendas se prestam a ações ‘meramente paroquiais’

No mesmo evento, Dino rebateu as críticas sobre ativismo judicial e defendeu as decisões que vem tomando em relação às emendas parlamentares. Segundo o magistrado, há indícios que embasam as movimentações do tribunal em relação aos deputados investigados.

“Quantos parlamentares respondem a ação penal hoje por conta de emenda parlamentar? São duas ações penais. Duas. Quantos parlamentares, neste momento, estão presos por conta de emenda parlamentar? Zero. Quantas buscas e apreensões eu já deferi na Câmara e no Senado? Zero”, disse Dino.

“O que há são investigações. Por que há? Porque há indícios. E quem fornece os indícios? A imprensa livre, independente, os prefeitos, os governadores e os parlamentares.”

Para o ministro, deve-se levar em conta a autocontenção, a ponderação e o equilíbrio, mas que não é possível “fingir” diante de determinadas situações. Ele relatou que, ao ouvir de um deputado um cenário grave envolvendo emendas, não poderia simplesmente ignorar a informação. Dino disse que, se fizesse isso, estaria prevaricando, e que aquilo não tinha relação com autocontenção, mas sim com crime.

O magistrado lembrou ter sido deputado, governador e senador, e disse defender as emendas parlamentares. O que critica, afirmou, é a noção de que essas emendas se prestam a ações “meramente paroquiais”: para ele, o fundamental é que a obra exista.

“Não dá para colocar uma emenda para fazer uma quadra e não construir a quadra”, continuou Dino. “Ah, não pode ficar com pires na mão. É verdade, não pode. Mas também não pode roubar o pires. Não pode roubar o prato, o copo, a xícara, a colher, quebrar a estante.”

 

 

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