Com candidatura, Flávio dá o troco em Michelle e prejudica economia de Lula
Os dirigentes do PL repetem que, se Bolsonaro indicou, está resolvido: o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) é o candidato do partido à presidência da República. Mas será mesmo?
Tem muita gente colocando em dúvida por alguns motivos.

Primeiro, o timing. O anúncio veio após uma briga pública na família Bolsonaro em que os irmãos saíram humilhados pela madrasta Michelle Bolsonaro. Ser o escolhido pelo pai como candidato à Presidência parece o troco perfeito.
Segundo, a maneira. O senador diz ter consultado o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, e ter comunicado o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos – SP). Mas foi um anúncio sem pompa e circunstância. Por uma nota na imprensa e depois uma publicação nas redes.
Terceiro, o aval. Flávio visitou Jair Bolsonaro na terça-feira na sede da Polícia Federal, onde o ex-presidente cumpre pena. Na quinta-feira, quem esteve por lá foram Michelle e Laura. Em que momento Jair passou o bastão?
Não é que não faça sentido o ex-presidente escolher o filho primogênito como herdeiro político. Bolsonaro está fragilizado e acuado. Dos três possíveis candidatos – Flávio, Michelle e Tarcísio, o filho é certamente em quem ele mais confia e quem mais diretamente obedeceria ordens.
Na cabeça de Jair, em caso de vitória, é quase como se ele estivesse governando. Em caso de derrota, o sobrenome Bolsonaro mantém projeção no cenário político e eleitoral.
A candidatura de Flávio tem também outro efeito colateral: derruba o mercado.
Como o senador tem menos chances de vencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva do que Tarcísio, os investidores já provocaram uma queda na bolsa e fizeram disparar o dólar futuro.
Se o efeito se mantiver, dólar caro gera mais inflação – o que é ruim para a população, que vai culpar o governo federal.
Lula tem mais chances de vencer Flávio do que Tarcísio, agora se tudo não passar de um blefe….
Em conversas reservadas, operadores da direita admitem que trata-se de jogo pesado.
