11 de dezembro de 2025
Politica

Bolsonaro tenta emparedar o Centrão, mas o tempo está contra ele

Aflito dentro da superintendência da Polícia Federal, o ex-presidente Jair Bolsonaro tentou emparedar o Centrão e lançou a candidatura do seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, à presidência da República.

O raciocínio da família Bolsonaro é mais ou menos o seguinte: Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, seria o candidato do “establishment” – o Centrão, a Faria Lima e até do Supremo Tribunal Federal (STF).

O senador  Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi lançado pelo pai como candidato à presidência em 2026
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi lançado pelo pai como candidato à presidência em 2026

Para que Flávio Bolsonaro não atrapalhe os supostos planos presidenciais de Tarcísio, essa elite política e econômica precisa aprovar a anistia no Congresso e libertar Bolsonaro da cadeia.

Faltou combinar com a realidade.

Bolsonaro foi condenado após um processo com trânsito em julgado. Teve minuta do golpe, reunião com generais do Exército, e o 8 de Janeiro. E tudo isso está fartamente documentado até com imagens.

Uma anistia geral e irrestrita aos condenados do 8 de Janeiro, incluindo Bolsonaro, é inconstitucional. Se aprovada na Câmara, seria barrada no Senado. Caso fosse aprovada no Senado, acabaria invalidada pelo Supremo.

O Centrão não tem pressa. Uma vez anunciada a pré-candidatura de Flávio, os caciques não se mexeram.

Gilberto Kassab, presidente do PSD, Marcos Pereira, presidente do Republicanos, Antonio Rueda, presidente do União Brasil – nenhum deles falou nada. Tarcísio de Freitas também segue em silêncio.

Nesta segunda-feira, Ciro Nogueira, presidente do PP, disse que “a política não se faz só com amizades” e que “a decisão sobre a candidatura da direita não é só do PL”.

Flávio marcou um jantar para esta noite sobre sua candidatura e sofre para conseguir quórum. A ver quantas declarações públicas de apoio vai obter.

Quem tem pressa é o ex-presidente, que foi condenado a 27 anos de prisão, sete em regime fechado.

Por outro lado, veio a público o relator do projeto de lei da dosimetria, Paulinho da Força, que disse ao Estadão que anistia geral e irrestrita é “sonho de verão”.

Paulinho não fala apenas por si. Ele foi escolhido pelo presidente da Câmara, Hugo Motta, e pelo grupo de líderes do Centrão para relatar o projeto que um dia foi da anistia e ganhou novo nome.

Hoje, a proposta que está na mesa reduziria a pena do ex-presidente de sete anos em regime fechado para dois anos e quatro meses. Pessoas a par das negociações dizem que os bolsonaristas pedem mais mudanças que deixariam Bolsonaro preso cerca de um ano e meio, o que o relator considera impossível.

Se a família Bolsonaro não topar a versão atual, já está chegando o Natal. Muita gente no Congresso não vai se importar em deixar toda essa discussão só para 2026.

 

 

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