10 de dezembro de 2025
Politica

Lula tem palanque vazio em Minas, e direita congestiona com mais um pré-candidato; saiba quem

Enquanto o presidente Lula (PT) está com o palanque vazio para a disputa ao governo de Minas Gerais em 2026, a direita tem um festival de candidatos ao Palácio da Liberdade. Agora surge mais um nome que se coloca à disposição como pré-candidato. Em entrevista à Coluna do Estadão, o presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM) e prefeito de Patos de Minas (MG), Luís Eduardo Falcão (sem partido), diz que não descarta entrar na campanha. Falcão ressalta, contudo, que seu projeto é fazer uma composição de centro-direita, e que a prioridade será a candidatura do senador Cleitinho (Republicanos).

Falcão foi reeleito prefeito de Patos de Minas no ano passado com 85% dos votos. Após sair do Novo, partido do governador Romeu Zema, Falcão negocia com o Republicanos e o MDB. Tomará uma decisão até o início de fevereiro. O cenário político em Minas Gerais é fundamental para todos os atores da eleição presidencial de 2026. Além de ser o segundo maior colégio eleitoral do País, Minas carrega a máxima de que o candidato a presidente que vence no Estado também é eleito ao Planalto.

“Não descarto a candidatura ao governo. Estou pronto para participar de um projeto que olhe Minas Gerais para o futuro e ouça os prefeitos. Não podemos perder o bonde da história. Tenho conversado muito com o senador Cleitinho (Republicanos) e o Gabriel Azevedo (MDB). Não importa neste momento quem é o candidato. Mais na frente veremos quem tem mais viabilidade”, diz Luís Eduardo Falcão.

Na direita, o vice de Zema, Mateus Simões, trocou o Novo pelo PSD para ter uma estrutura mais robusta de fundo partidário e eleitoral. O senador Cleitinho lidera as pesquisas, mas a candidatura ainda é considerada frágil. Pesquisas partidárias apontam que o eleitor mineiro tende a preferir um governador mais experiente.

Já no campo da esquerda, o PT e Lula não conseguiram apresentar um nome de pré-candidato ao governo mineiro. Lula queria que a missão ficasse com o senador Rodrigo Pacheco (PSD), que recusou e já avisou que deixará a política.

Não bastasse esse cenário, Falcão se empolgou com resultados de uma pesquisa que mostra o desgaste da gestão Zema no Estado, reeleita em 2022, e a popularidade de prefeitos maior do que eles mesmos imaginavam. O levantamento da Opus foi encomendado pela Associação Mineira de Municípios, que representa 98% dos 853 municípios de Minas Gerais.

Perguntados sobre a entrega mais positiva do governo Zema, 75% dos entrevistados não souberam ou não responderam. A avaliação de Zema é 50% positiva, 35% negativa e 15% não responderam. O desempenho de Lula é pior: 43% positivo, 52% negativo e 5% não responderam. Já a avaliação dos prefeitos no Estado é 70% positiva, 23% negativa e 7% não responderam.

A Opus fez mil entrevistas presenciais entre 30 de outubro e 1º de novembro em todo o Estado. A margem de erro é de 3,2%, e o intervalo de confiança, 95%.

Apesar de descartar qualquer tipo de aliança com a esquerda em 2026, Falcão afirma que está aberto a dialogar com todos os campos políticos. “Precisamos voltar a dialogar de forma respeitosa. A eleição nacional ainda será polarizada, mas em Minas talvez seja mais ao centro. O eleitor mineiro quer uma pessoa sem a tarja de Bolsonaro ou Lula, o pessoal está cansado disso”.

Veja os principais trechos da entrevista

Candidatura ao governo de Minas

Não descarto a candidatura ao governo. Estou pronto para participar de um projeto que olhe Minas Gerais para o futuro e ouça os prefeitos. Percebemos Estados vizinhos avançando na educação, em estrada, e Minas não pode perder o bonde da história. Ainda discutem se o governador pegou o Estado quebrado. Tenho conversado muito com o senador Cleitinho (Republicanos) e o Gabriel Azevedo (MDB). Não importa neste momento quem é o candidato. Mais na frente veremos quem tem mais viabilidade. Vou decidir minha situação até o início de fevereiro. Se o Cleitinho quiser, ele é quem tem mais viabilidade e ainda pode ajustar o perfil esperado pelo eleitor.

Gestão Zema

Tenho impressão de que o mineiro está cansado de brigas partidárias. Quer equilíbrio. Em meio a um cenário precário na saúde e na infraestrutura, vamos ficar brigando? A pesquisa encomendada pela AMM mostra que 75% dos eleitores de Minas não souberam responder sobre melhorias do governo estadual. O governador tem aprovação de 50%. Após sete anos de gestão Zema, 15% ainda não sabem avaliá-la como positiva ou negativa. Já os prefeitos têm 60% de aprovação. É um resultado para festejar. As bolhas políticas de Belo Horizonte e Brasília estão muito longe da realidade.

Saída do Novo

Fiz um compromisso com prefeitos de Minas de trabalhar independentemente de partido. Durante a campanha da AMM, muitos falaram da legenda, se haveria apoio ou não do governador. Eu falei que ficassem tranquilos porque isso seria resolvido.

Volta ao partido de Zema

Voltar é muito difícil. Quero ir para um partido grande, desenvolver um grande projeto para Minas Gerais e participar das principais discussões do País.

Dividir palanque com Zema

Sou do diálogo, não fecho portas. O que ocorre é que nunca fui procurado pelo Mateus Simões (vice-governador) nem quando eu estava no Novo. Ele não me falou que tinha intenção de se candidatar. Nunca me pediu apoio. Se ele quiser conversar em algum momento, estarei aberto, como estou conversando com Cleitinho, Gabriel Azevedo e outros.

Diálogo com a esquerda

Nunca fui de partido de esquerda, mas não tenho dificuldade em conversar. Esses dias precisei ir ao Rodrigo Pacheco pedir recurso para o hospital de Patos de Minas que atende 33 municípios. Muita gente reagiu mal. Precisamos voltar a dialogar de forma respeitosa no Brasil. Não sei o que a esquerda vai fazer em Minas. O palanque de Lula está vazio e não estarei nele. Tem o Alexandre Kalil (ex-prefeito de Belo Horizonte), que não sei se mantém a candidatura ao governo ou ao Senado.

Palanque da direita

O palanque da direita está congestionado. Só para uma vaga de Senado com apoio do Bolsonaro tem vários: Caporezzo (deputado estadual), Domingos Sávio (deputado federal), Maurício do Vôlei (deputado federal), Zé Vitor (deputado federal), Eros Biondini (deputado federal). O deputado Nikolas Ferreira tem se aproximado timidamente do Mateus Simões, mas muita gente da direita é contra. A eleição nacional ainda será polarizada, mas em Minas talvez seja mais ao centro. O eleitor mineiro quer uma pessoa sem a tarja de Bolsonaro ou Lula, o pessoal está cansado disso.

Luís Eduardo Falcão, prefeito de Patos de Minas e presidente da Associação Mineira de Municípios
Luís Eduardo Falcão, prefeito de Patos de Minas e presidente da Associação Mineira de Municípios

 

 

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