18 de dezembro de 2025
Politica

A mulher pode e deve ocupar o lugar que ela quiser

As últimas semanas foram trágicas para a sociedade brasileira. No Rio de Janeiro, duas funcionárias do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) Celso Suckow da Fonseca, no Maracanã, na Zona Norte, morreram baleadas por um colega de trabalho que, após o ataque, tirou a própria vida. No domingo retrasado, um homem atropelou e arrastou uma mulher como vingança pelo fim do relacionamento. A vítima, mãe de dois filhos, teve as duas pernas amputadas em decorrência dos ferimentos e ainda está internada.

No interior de São Paulo, um influenciador foi denunciado por agressão e tentativa de estupro contra sua namorada. O tal influencer é conhecido por seus conteúdos misóginos, nos quais prega a superioridade do homem e a subserviência das mulheres aos seus companheiros.

O que esses casos têm em comum, além de aumentarem as estatísticas da violência contra as mulheres? A inconformidade de homens que não aceitam ver mulheres ocupando papéis que supostamente não lhes seriam destinados e a crença de que a vida, o corpo, as carreiras e os destinos das mulheres não lhes pertencem.

A violência contra a mulher geralmente não começa com a agressão física; começa com um xingamento, uma censura, um desrespeito — até chegar às vias de fato. Há uma normalização social em aceitar falas misóginas e preconceituosas sob a égide da liberdade de expressão. E, ao fim e ao cabo, a crença na superioridade masculina prevalece — e as estatísticas aumentam.

As profissionais do Rio de Janeiro tiveram suas vidas interrompidas por um rapaz que não aceitava ser chefiado por mulheres. No caso da denúncia de tentativa de estupro, o próprio companheiro agrediu a namorada aos berros de “para mim você não nega”, como mostra o vídeo que não tive estômago para terminar de ver. Sinto muito que o ego machista tenha trazido tanto sofrimento para essas mulheres, para suas famílias e para seus amigos. A estatística se transforma, tragicamente, em vidas devastadas.

O discurso misógino dissemina o machismo e incentiva a violência contra a mulher. É preciso promover a igualdade de gênero em todas as camadas da sociedade. Ter liderança feminina nos altos cargos, tanto na iniciativa privada quanto na administração pública, é essencial: traz o olhar de quem sente na pele o problema e inspira outras mulheres a conquistarem espaços.

Espero, cara leitora, caro leitor, que estas palavras ao menos tragam a discussão à tona e desestimulem o consumo de conteúdos que diminuem a dignidade das mulheres. Esse debate precisa atrair o olhar de quem decide as posições de poder e ainda acredita em uma sociedade livre, justa e solidária, como preceitua a nossa Constituição Federal. A mulher pode — e deve — ocupar o lugar que ela quiser.

 

 

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