PF e Promotoria prendem dois agentes antinarcóticos por propina de R$ 1 milhão
Um advogado e dois policiais do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), da Polícia Civil de São Paulo, foram presos preventivamente nesta quarta-feira, 10, na Operação Mata-Nota por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro. Um escrivão também é investigado.
O advogado Ademilson Alves de Brito teria pago R$ 1 milhão em propinas aos policiais para que engavetassem um inquérito envolvendo o traficante conhecido como “Costurado”, membro do PCC.

Os agentes presos são o investigador de polícia Murilo Muniz e o policial Alan Fernandes Dias. O escrivão Wander Tadeu de Araújo foi alvo de buscas. O Estadão busca contato com as defesas.
Segundo o Ministério Público de São Paulo, mesmo com a identificação de um laboratório de refino ligado a “Costurado” na cidade de Jarinu, no interior de São Paulo, a investigação foi paralisada.
O inquérito havia sido aberto a partir da apreensão de 345 quilos de droga no fundo falso de um caminhão frigorífico.
A Corregedoria da Polícia Civil e a Polícia Federal também participam da operação.

Uma videochamada entre o advogado e dois policiais, gravada em 23 de maio de 2024, foi recuperada pelos promotores e embasou os pedidos de prisão. Na conversa, eles negociam o fim da investigação.
“Já sabe, estava no acordo, estava no nosso acordo, o importante é não ir atrás de mais ninguém, encerrar o inquérito, mandar esse relatório embora e ninguém deve nada pra ninguém, vida que segue”, afirma o advogado na conversa.
Os promotores identificaram que, pouco tempo depois, os policiais compraram imóveis. O Ministério Público considera que eles já ostentavam patrimônio incompatível com a renda.
A operação foi autorizada pela 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital. O juiz Tiago Ducatti Lino Machado também autorizou o bloqueio de bens até o limite de R$ 1 milhão.
COM A PALAVRA, AS DEFESAS
A reportagem busca contato com as defesas. O espaço está aberto para manifestação (fausto.macedo@estadao.com; rayssa.motta@estadao.com).
