12 de dezembro de 2025
Politica

Gilmar Mendes colocou bode na sala para forçar Senado a dificultar impeachment de ministros do STF

‘No Supremo Tribunal Federal (STF) (STF) não tem bonzinho e no Senado não há tolo’. A frase dita pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM) ajuda a entender, em parte, o que ocorreu ao longo da última semana na discussão sobre as regras para impeachment de ministros da Suprema Corte.

Ciente de que a direita teria chance real de eleger número suficiente de senadores para cassar os magistrados, a partir de 2027, caso fossem mantidas as regras antigas para o processo, o ministro Gilmar Mendes radicalizou. Numa canetada, na semana passada, ele tirou poderes do Legislativo e restringiu à Procuradoria-Geral da República (PGR) o direito de pedir impeachment dos supremos ministros.

Nesta quarta-feira, 10, surpreendeu novamente ao recuar em parte de sua decisão, suspender o trecho sobre a PGR e aceitar aguardar que o Congresso legisle sobre o tema.

Na prática, Gilmar apenas tirou de cena o bode que ele mesmo colocara na sala. A ideia desde o início era forçar os senadores a aprovarem nova lei que deixe tão fácil a apresentação e aprovação de processos.

Pela lei atual, qualquer pessoa poderia protocolar pedidos de impedimento dos integrantes do STF e bastaria maioria para retirar-lhes a toga. Aos pares, segundo apurou a Coluna do Estadão, Gilmar havia ressaltado a importância de garantir a exigência de quórum qualificado de 2/3 e restrição da legitimação.

E, tão logo o projeto de autoria do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) que altera a Lei do Impeachment, de 1950.endurece as regras para a abertura de processos de impeachment de ministros do STF voltou a tramitar, Gilmar recuou. Além disso, sinalizou uma trégua nas animosidades entre Supremo e Senado.

Na nova decisão, o ministro elogiou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e disse que o parlamentar mostrou “elevado espírito público” ao arquivar 36 pedidos de impeachment contra ministros protocolados durante sua gestão.

Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal durante sessão em plenário
Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal durante sessão em plenário

 

 

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