Mesmo com avanços, a fome segue sendo uma das mais graves violações de direitos humanos
O Bom Prato é uma das principais políticas públicas de combate à fome e promoção da segurança alimentar da América Latina. Criado para garantir refeições seguras, nutritivas, completas e acessíveis, o programa completa 25 anos neste mês de dezembro consolidado como política de Estado. Sua longevidade, capilaridade e aprovação popular mostram que se tornou parte essencial da rede de proteção social paulista.
Pesquisa da Fundação Seade, realizada em junho deste ano, confirma o reconhecimento dos usuários: 95,9% avaliam as refeições como ótimas ou boas e 87% frequentam principalmente pela qualidade da alimentação. À primeira vista, por se tratar de um programa aberto a todos, ele parece ter caráter universal, mas a análise do perfil dos frequentadores indica uma função altamente focalizada. O público é majoritariamente de baixa renda: 55,6% dos usuários vivem com renda familiar entre 0 e 1 salário mínimo. E outro dado indica um público vulnerável: 39% dos usuários afirmam que os alimentos da casa acabaram antes que houvesse dinheiro para comprar mais, e 46,9% dizem que comeram apenas alguns alimentos que ainda restavam quando o dinheiro acabou.
Em tempos de debates sobre o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, considerados mais baratos e práticos, mas classificados como perigosos e diretamente relacionados à obesidade e doenças cardiovasculares, o Bom Prato cumpre ainda outro papel, o de promover a alimentação saudável, oferecendo comida de verdade todos os dias. O preço acessível, mantido há 25 anos, tornou-se marca registrada do restaurante: R$ 1,00 pelo almoço e jantar e R$ 0,50 pelo café da manhã. O custo real das refeições é de R$ 9,80, sendo 89,8% subsidiados pelo Estado, sem reajuste desde a criação do programa.
O Bom Prato evoluiu muito ao longo de sua história e, nos últimos anos, passou por um ciclo de modernização, expansão, qualificação técnica e inovação que ampliam seu impacto social. Desde 2023, foram entregues 24 novas unidades, sendo 20 móveis e 4 refeitórios, permitindo que o programa chegue a territórios mais periféricos. Ao todo, são 71 unidades fixas e 124 pontos de atendimento distribuídos em 42 municípios.
Essa expansão consolida o Bom Prato como um dos maiores e mais bem-sucedidos sistemas públicos de alimentação da América Latina. Integrado a políticas de transferência de renda focalizada e geração de renda autônoma, como o SuperAção SP, o programa é um dos pilares centrais para enfrentar a insegurança alimentar no estado. Nesses 25 anos, foram servidas mais de 436 milhões de refeições.
Entre as ações comemorativas desta data, o destaque é o inédito concurso “Chef em Ação”, criado para valorizar os cozinheiros do programa, incentivar a inovação nos cardápios e celebrar a importância da gastronomia social. O concurso mobilizou profissionais de todas as 29 Organizações da Sociedade Civil (OSCs) que gerenciam as unidades do Bom Prato. Cada chef apresentou um cardápio completo, com prato principal, guarnição e salada. É a inovação que nasce dentro da cozinha, com protagonismo de quem faz a política pública acontecer todos os dias.
Mesmo com avanços, a fome segue sendo uma das mais graves violações de direitos humanos. Ambientes como o Bom Prato oferecem alimento, acolhimento e dignidade. A pesquisa Seade mostra que 40% dos usuários teriam muita dificuldade em garantir refeições se o Bom Prato não existisse, e 93% afirmam que o programa ajuda a reduzir seus gastos com alimentação.
Comparado a outras ações, o Bom Prato se destaca pela eficiência, alcance, custo-benefício, estrutura técnica e avaliação consistente do público. Aos 25 anos, ele se consolida como modelo de política pública que salva vidas e garante dignidade.
Que venham os próximos 25 anos de compromisso e inovação para proteger quem mais precisa no estado de São Paulo.
