17 de dezembro de 2025
Politica

Ao desejar ‘boa sorte’ a Flávio, Kassab livra Tarcísio de ser ‘o candidato do Bolsonaro’

Ao retirar a Lei Magnitsky de Alexandre de Moraes e sua mulher, Viviane, Donald Trump decretou o isolamento de Jair Bolsonaro, encerrou a carreira de traidor da Pátria do 03, Eduardo, e deixou a candidatura (ou “candidatura”) do 01, Flávio, à Presidência ainda mais desamparada. Lula agradeceu a Trump, mas quem faz a festa é o Centrão. Por ora.

Gilberto Kassab, manda-chuva do PSD, sigla do Centrão que tem mais municípios no País, deu a deixa. Na véspera do recuo do presidente americano, Kassab desejou um protocolar “boa sorte” a Flávio e declarou apoio a Tarcísio de Freitas (SP), mantendo o cuidado de citar os também governadores Ratinho Jr. (PR) e Eduardo Leite (RS) como planos B e C.

Tarcísio de Freitas ao lado de Flávio Bolsonaro, Jair Bolsonaro e Jair Renan Bolsonaro
Tarcísio de Freitas ao lado de Flávio Bolsonaro, Jair Bolsonaro e Jair Renan Bolsonaro

O “boa sorte” de Kassab para Flávio soa como “cada um na sua”, Centrão cá, Bolsonaros lá, assim como Flávio dizer que não vão conseguir fazer “intriga” entre ele e Tarcisio confirma um fato real: neste momento, os dois são adversários. Com um detalhe: é tão difícil acreditar que Flávio seja candidato para valer quanto que Tarcisio não seja.

Flávio lançou-se num dia, admitiu renunciar no outro, negociou com o Centrão uma redução vertiginosa da pena do pai e agora jura que sua candidatura “é irreversível”. O tempo dirá. Se o 01 conseguiu algo até agora, além de reduzir a pena do pai, da Débora do batom, de cobras e lagartos, foi ganhar tempo e manter o sobrenome Bolsonaro na roda.

Em uma semana de “campanha”, ele pôde constatar, com os próprios olhos e ouvidos, que líderes do mundo financeiro e presidentes de siglas do Centrão não estão nem um pouco animados com sua candidatura e, sim, com a de Tarcísio. Kassab apenas deu publicidade ao que Bolsa, câmbio e Congresso já gritavam.

Flávio desfila como candidato, Kassab dá o recado do Centrão, os três Poderes guerreiam, Lula usa e abusa do cargo para fazer campanha, Hugo Motta vai ladeira abaixo e Davi Alcolumbre mostra ao País quem ele realmente é. E Tarcísio? Está quieto, na retranca, voltado para São Paulo e focando nos sucessivos desastres da Enel. Retiro eleitoral.

O lançamento de Flávio e as “intrigas” entre os dois favorecem Tarcísio e sua posição na corrida presidencial, porque o protegem contra a grande armadilha de Lula para ele: transformá-lo no candidato e herdeiro da alta rejeição de Bolsonaro.

Lula empurra Tarcísio para Bolsonaro, Tarcísio faz que vai, mas não vai, e ganhou um trunfo. Se o candidato de Bolsonaro é Flávio, ele, o governador, é apenas candidato aos votos ditos bolsonaristas, assim como aos votos órfãos do centro e aos do Centrão, ou direitão, que já manda e desmanda no Congresso e concluiu que chegou a hora de assumir o comando do Planalto – ou do País, com todo o perigo que essa ambição traz.

Tudo somado, tem-se que a direita está dividida e Tarcísio, o nome mais forte tanto contra os Bolsonaro quanto contra Lula, está naquela: “se ficar, o bicho come; se correr, o bicho pega”. Grudar em Bolsonaro é herdar sua rejeição, hoje pior do que em 2022, mas o que dizer de um candidato do Centrão, das emendas, do “toma-lá-dá-cá” e de um Congresso abaixo de qualquer crítica?

O antilulismo elegeu Bolsonaro em 2018, mas será suficiente para empurrar para o Planalto um adversário que não tem o carimbo do antissistema e balança entre Bolsonaro e Centrão? O nó da direita não é apenas quem será o candidato e como superar o racha interno, mas que estratégia formatar para vencer o favorito Lula.

 

 

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