Com Lula exposto, Silveira é forçado a aceitar saída da Enel de São Paulo
Foram quase três horas de reunião no Palácio dos Bandeirantes. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, agradeceu a presença do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira e disparou: “Não tem mais a mínima condição da Enel continuar em São Paulo”.
Na semana passada, cerca 2,2 milhões de pessoas ficaram sem luz na capital paulista por cinco dias por causa de uma ventania. É o terceiro evento desse tipo.
Em novembro de 2023, uma tempestade deixou 2,1 milhões às escuras. Em outubro de 2024, entre o primeiro e o segundo turno das eleições municipais, foram 2,4 milhões.
Ricardo Nunes, prefeito da maior cidade do País, fez um relato dos prejuízos. Ele contou a história da dona Marisa, liderança do Parque Santo Antônio, que perdeu 5 mil picolés que seriam doados. Somando os três eventos dos últimos anos, cerca de R$ 5 milhões de prejuízos.
Segundo o prefeito, uma pesquisa Datafolha de 2024 apontou que 7 em cada 10 paulistanos não quer mais a concessionária na cidade.
“Se fizer essa pesquisa hoje, ministro, vai dar 11 em cada 10”, disse Nunes.
Silveira falou então um pouco da sua história como deputado e ministro. Contou que havia convidado o presidente da Aneel Sandoval Feitosa Neto, mas que ele recusou o convite e enviou um diretor.
E repetiu várias vezes o quanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava sensibilizado com a situação.
Na sexta-feira anterior, Lula esteve na inauguração do SBT News, o canal de notícias do SBT. No evento, foi cobrado por Tarcísio e Nunes sobre a Enel. Gravado pela equipe do prefeito, o vídeo circulou na imprensa.
Intervenção ou grupo de trabalho?
Tarcísio e Nunes mostraram dados sobre o desempenho da Enel e pediram a Silveira a intervenção na empresa. O ministro disse que já havia proposto a intervenção, mas que a Aneel resistia. Em entrevistas recentes, Silveira não propôs a intervenção, mas a renovação do contrato.
Silveira, então, sugeriu a criação de um grupo de trabalho. Foi quando Tarcísio subiu o tom: “Se for para fazer grupo de trabalho, é para não resolver nada”, afirmou.
Os três, então, preferiram o consenso. Optaram por iniciar o processo de caducidade, que é a rescisão contratual por meio da Aneel, garantindo à empresa o direito de defesa.
Saíram da sala e na frente de jornalistas de todo o País, Silveira se comprometeu, pela primeira vez, a tentar romper o contrato da Enel em São Paulo.
Mas esses processos demoram e são sujeitos a revesses. Responsável pelo tema, a Aneel ainda não se pronunciou.
