Enel deu apagão no discurso de Silveira em reunião com Tarcísio e Nunes; veja bastidores
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, se preparou para participar de reunião com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e com o governador do Estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sobre a situação da concessão da distribuidora Enel São Paulo, nesta terça-feira, 16, com munição contra a prefeitura da cidade. Mas, ao final, centrou suas críticas à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), onde mantém desafetos.
Segundo fontes, o material elaborado para a reunião incluía críticas ao trabalho da Prefeitura de São Paulo no cuidado com as árvores da cidade. De acordo com cálculos do Corpo de Bombeiros, mais de 1.300 árvores tombaram e há relatos de especialistas de que delas estariam doentes.
Silveira estava preparado para dizer que teria informações de que a Enel alertou a prefeitura sobre o risco de queda de mais de 15 mil árvores, com indicações sobre os bairros mais críticos, mas que nenhuma providência efetiva foi adotada pelo poder municipal, o que teria contribuído para o agravamento da crise.
No entanto, segundo interlocutores presentes na reunião, esse tema não foi tocado. O ministro optou por apenas reforçar que o problema da Enel “não se resolve com discurso, nem com politicagem”, reiterando críticas feitas anteriormente a Tarcísio e Nunes nos primeiros dias após o apagão. Posteriormente, adotou uma postura de buscar um consenso, conforme orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Neste sentido, sua atitude foi de apontar para a agência reguladora, órgão federal com mandato de diretoria independente. Segundo ele, ao longo dos últimos dois anos foram encaminhadas pelo MME diversas cobranças à Aneel sobre a fiscalização na Enel em São Paulo, com solicitações de informações e dados técnicos que embasassem, do ponto de vista legal, uma eventual caducidade. O ministro disse que até o momento a agência reguladora não teria apresentado qualquer documento neste sentido. Com isso, o ministro quis também se afastar da crítica de que estaria inerte.
Silveira alegou que, no governo anterior, de Jair Bolsonaro, as agências reguladoras foram capturadas pelo jogo político e transformadas em espaços de negociação, mas destacou que agora, com as novas nomeações, como de seu antigo secretário Gentil Nogueira, haveria espaço para mudança de postura.
Ainda em críticas ao governo anterior, citou que a privatização da Eletrobras (atual Axia Energia), que, na sua visão, retirou do Estado brasileiro “uma ferramenta estratégica importante para dar suporte operacional a eventuais processos de intervenção”.
Nesse tipo de processo, a Aneel nomeia um interventor para assumir temporariamente a gestão da empresa, afastando a diretoria original, procurando restaurar a qualidade do serviço e garantir sua operação normal durante um período determinado. Foi o que ocorreu com empresas do Grupo Rede durante uma grave crise financeira.
Houve casos, também, em que distribuidoras deficitárias operadas por alguns Estados foram federalizadas. Nestes casos, as operações passaram a ser da Eletrobras, até que foram privatizadas.

