23 de dezembro de 2025
Politica

O que era um cochicho começa a crescer: Moraes pode sofrer uma punição rigorosa?

As pessoas são complexas, dúbias, contraditórias, incompreensíveis. O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes não foge à regra. O mesmo juiz que foi audacioso o suficiente para colocar na prisão um ex-presidente e militares de alta patente por tentativa de golpe de Estado, agora não consegue explicar uma série de histórias cabeludíssimas envolvendo um banco liquidado após um desfalque de bilhões de Reais.

Existe o dito popular de que “quem cala consente”. Mas passam-se os dias e nada de Alexandre de Moraes explicar por que sua esposa tinha um contrato com tal banco, o Master, que lhe rendia, em tese, R$ 3 milhões por mês até chegar a R$ 129 milhões. Nesse caso, nem ilegal era, mas bastante estranho. Poucos dias depois, a jornalista Malu Gaspar, de O Globo, revela que a esposa deveria defender interesses do banco junto ao Banco Central, porém por lá nunca foi vista e nunca apresentou qualquer petição.

Alexandre de Moraes precisa se explicar, até pela questão política e moral de dar uma satisfação por quem o defendeu em todo o processo que levou à prisão de Bolsonaro.
Alexandre de Moraes precisa se explicar, até pela questão política e moral de dar uma satisfação por quem o defendeu em todo o processo que levou à prisão de Bolsonaro.

No meio a tantos silêncios, passam-se mais uns dias e a mesma jornalista descobre que quem poderia trabalhar para a esposa, nos casos advocatícios, era o próprio Alexandre de Moraes. O ministro teria pressionado o presidente do Banco Central, Gabriel Galipolo, para que o banco encrencado fosse vendido para o BRB, do governo de Brasília.

Os juristas nos precisam explicar se isso tudo é papel de ministro do STF, ou não. Por ora, é um jab no queixo do magistrado atrás do outro, que até agora segue impassível. Pelo menos, ao que sabemos, Moraes desistiu da pressão ao ser informado de que as fraudes envolvendo o banco chegariam a R$ 12,2 bilhões.

O primeiro escândalo disso tudo, a presença de outro ministro do STF, Dias Toffoli, em jatinho particular, junto com advogado do Banco Master, para uma atividade de entretenimento – um jogo de futebol no exterior, acabou por se tornar pequeno frente a onda que vinha em direção em seu colega. E olha que Dias Toffoli avocou para si todo o processo, além de decretar sigilo nas investigações. Há também até mesmo uma ação do Tribunal de Contas da União que se move para investigar o próprio BC. Ou seja, tudo com cara de que “o sistema se protege”.

O que era delírio de militante bolsonarista de padaria passa a ser uma hipóteses possível a depender do andar dos acontecimentos: uma punição rigorosa ao ministro, no limite o impeachment. Mas por uma razão que estava fora do radar, no caso, tráfico de influência, para ser (bastante) leve. Alexandre de Moraes agora precisa se explicar. Até pela questão política e moral de dar uma satisfação por quem o defendeu em todo o processo que levou à prisão de Bolsonaro. Ele aceitou o papel de herói que tanto lhe atribuíram. Precisa explicar que não é também um vilão.

Digamos que há um elefante muito grande dentro da loja louças para que ninguém se pronuncie. Neste momento, até mesmo exigir “código de ética” se tornou algo ineficaz, muito brando. Cadê a respostas às perguntas que não param de chegar e serem expressas em intensidade cada vez mais fortes?

 

 

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