30 de dezembro de 2025
Politica

Eleições 2026: Caiado deixa o cargo, mas não o controle da sucessão em Goiás

Após oito anos à frente do Palácio das Esmeraldas, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que tem intenção de disputar a Presidência da República, permanece como a figura central na articulação das eleições que definirão seu sucessor e os futuros representantes do Estado no Senado. Ele é o governador com a maior aprovação no país segundo a pesquisa Genial/Quaest.

Em agosto, o mesmo instituto mostrou que Daniel Vilela, vice de Caiado, lidera as intenções de voto ao governo com 26%, seguido por Marconi Perillo, presidente nacional do PSDB e ex-governador de Goiás, com 22%. Wilder Morais (PL), senador e nome ligado à base bolsonarista, aparece em terceiro lugar, com 10%, e ainda não confirmou oficialmente sua candidatura.

Vilela reconhece a responsabilidade de dar seguimento ao trabalho do atual governo. “Estamos cotidianamente alinhados no perfil de fazer política com firmeza e diálogo. Goiás quer seguir mudando e avançando, é isso que vamos propor e fazer,” explicou Vilela, referindo-se à sua sintonia administrativa com Caiado e reafirmando o compromisso com a segurança pública. Ao mesmo tempo, admite o desafio de se consolidar em meio a uma base política heterogênea. “Os prefeitos buscam programas e resultados concretos. A maioria ficará ao lado de quem demonstra compromisso claro com Goiás e os municípios,” afirmou, destacando a importância da governança local para seu sucesso.

Porém, para o cientista político da Universidade Federal de Goiás (UFGO) Guilherme Carvalho, a tarefa não será fácil: “O Daniel ainda não é visto como um líder impositivo”, salientou. Seu perfil exige ajustes para ampliar sua aceitação, o que inclui uma maior presença junto às forças de segurança pública e uma guinada à direita para viabilizar eleitoralmente sua candidatura.

“Ele precisa unir a base política e conquistar o eleitorado popular, além de intensificar sua campanha com mais marketing pessoal, especialmente ligado à segurança pública, para estreitar a identificação com a população” acrescentou Carvalho.

Daniel Vilela, vice-governador de Goiás, lidera corrida para governador em 2026
Daniel Vilela, vice-governador de Goiás, lidera corrida para governador em 2026

Marconi Perillo e Wilder Morais são opositores

A oposição é liderada por Marconi Perillo, presidente do PSDB e ex-governador com quatro mandatos, que se coloca como alternativa à continuidade da gestão Caiado. Perillo reforça que seu adversário direto é Daniel Vilela, e não Caiado: “Os maiores embates foram contra o MDB. Não sou adversário do Ronaldo, mas do Daniel.” Ele se apoia em seu histórico de gestão, ainda que carregue um desgaste acumulado. O professor Lehninger Mota, também da Universidade Federal de Goiás, aponta que “Perillo tem um piso alto por seu recall, mas um teto baixo devido ao desgaste e ao tempo afastado do poder.”

Ainda assim, Perillo confia na força da sua trajetória política como importante fator para conquistar o eleitorado. Em conversa ao Estadão, o presidente do PSDB, disse que vai procurar outras lideranças políticas para fazer alianças, mas que ainda é cedo para confirmá-las. Marconi também acredita que sua força para crescer nas pesquisas independe de alinhamento ideológico: “O eleitor que vota em mim, vai votar por conta da confiança no meu trabalho, na minha história, no meu legado, na minha capacidade de juntar gente , e de juntar forças independentemente de ideologia.”

Marconi Perillo, ex-governador de Goiás, é uma das esperanças de parte da oposição ao grupo de Caiado
Marconi Perillo, ex-governador de Goiás, é uma das esperanças de parte da oposição ao grupo de Caiado

Já Wilder Morais, senador e presidente estadual do PL, aparece como uma figura que pode dar dor de cabeça para o campo governista. “Ele é o candidato mais ameaçador para o Daniel Vilela,” afirma Guilherme Carvalho, destacando que Morais emula melhor o estilo de Caiado, inclusive na presença e na forma de se portar. Capaz de assegurar votos da base bolsonarista, Wilder “pode usar um trunfo de última hora do bolsonarismo para disputar o governo,” opinou Carvalho.

Em nota oficial, a assessoria de Wilder Morais afirmou que “o PL já definiu que terá candidaturas completas em todo o País, à Presidência da República, aos governos estaduais e ao Senado, além das chapas proporcionais de deputados federais e estaduais. Em Goiás, não será diferente. O partido está trabalhando na formação de uma chapa forte e representativa”.

“No entanto, é importante destacar que o senador Wilder Morais ainda não lançou oficialmente nenhuma candidatura, nem tratou publicamente sobre o assunto. Qualquer especulação nesse sentido é, portanto, prematura. No momento, o foco do senador permanece em seu mandato no Senado Federal e nas ações que vêm beneficiando o povo goiano”, completa a nota de Wilder Morais.

Lulismo quer ter candidato apesar das dificuldades

Adriana Accorsi, deputada federal e líder do PT em Goiás, reafirma que a sigla terá candidatura própria para o governo estadual, negando apoio a nomes como Vilela, Mendanha ou Perillo, que não apoiam o presidente Lula, prioridade máxima do partido. “Nós teremos candidato da frente progressista, ainda a ser definido, que pode ser do PT ou de outro partido aliado,” comenta Adriana ao Estadão. Ela destaca que a estratégia principal é buscar a reeleição do presidente Lula e o fortalecimento das bancadas legislativas, mas que seu nome é uma grande possibilidade para disputar o governo do Estado.

Accorsi critica a gestão atual nas áreas de valorização dos servidores, educação e saúde. “A Polícia Civil foi desprezada no plano de reorganização da carreira e o privilégio às Organizações Sociais na saúde gerou problemas,” observa. Apesar das dificuldades, demonstra otimismo com o crescimento da popularidade de Lula em Goiás, que, segundo a parlamentar, apresenta cenário eleitoral mais favorável do que em 2022.

Pré-candidata em Goiânia, deputada Adriana Accorsi (PT-GO) é uma das petistas mais competitivas na eleição de 2024
Pré-candidata em Goiânia, deputada Adriana Accorsi (PT-GO) é uma das petistas mais competitivas na eleição de 2024

Senadores em disputa: mulheres, bolsonaristas e aliados de Caiado

No Senado, a eleição promete ser tão disputada quanto a do governo. Gracinha Caiado, esposa de Ronaldo Caiado, é favorita para uma das cadeiras. A primeira-dama conta com um protagonismo independente do marido, especialmente por seu trabalho em assistência social e sua luta pela maior presença feminina na política. “Ela não é só a esposa do governador, ela tem protagonismo político próprio”, ressaltou Carvalho.

Pelo PL, Gustavo Gayer desponta como um candidato forte, com influência nacional no campo da direita e alto engajamento digital. “Ele é um fator explosivo para a candidatura de Daniel Vilela, pois quanto mais candidatos ao Senado na disputa, mais isso favorece Gayer,” comentou Carvalho. Procurado para comentar sua candidatura, a assessoria do deputado enviou uma receita de bolo.

O apadrinhamento político em disputas como essas é um fator relevante, e neste caso as candidaturas do Partido Liberal (PL) ainda parecem sofrer algumas disputas internas devido o alto capital político e influências dos nomes de Ronaldo Caiado e do ex-presidente Jair Bolsonaro, no Estado do Goiás.

A disputa pela cadeira do Senado deve ainda incluir o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, que confirmou ao Estadão que desistiu de concorrer ao governo e mira uma vaga na Casa Alta.

Contudo, o ex-prefeito apareceu com 24% das intenções de voto para governador em um dos cenários testados pela pesquisa Real Time Big Data, de setembro. Ele se apresenta como uma direita moderada, com forte apelo local e centrada numa política que alia conservadorismo e defesa de populações vulneráveis. O ex-prefeito também demonstrou claro apoio a Daniel Vilela, para governador do Estado, visto que Daniel é filho de Maguito Vilela – também ex-governador de Goiás e figura importantíssima na história do Estado. Maguito por sua vez foi mentor de Gustavo Medanha.

A disputa ainda pode contar com nomes como Vanderlan Cardoso (PSD), Rubens Otoni (PT) e Major Vitor Hugo (PL).

 

 

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