30 de dezembro de 2025
Politica

Toffoli intimida o BC ao colocar frente a frente burocrata e criminoso

Provavelmente bombardeado pelos argumentos dos advogados do banqueiro Daniel Vorcaro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, tomou uma atitude insólita e absolutamente sem precedentes.

Sem que tenha sido solicitado pela Polícia Federal, vai colocar um burocrata, um servidor do Banco Central, que redigiu uma denúncia-crime em nome da União, frente a frente com dois supostos criminosos para uma acareação.

O ministro Dias Toffoli, do STF
O ministro Dias Toffoli, do STF

É isso que vai acontecer no próximo dia 30, quando Vorcaro, o ex-presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, e o diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton de Aquino Santos, ficarem frente a frente numa sala no Supremo.

Trazendo para o dia-a-dia do cidadão, é como se alguém que presenciasse um estupro ou um assassinato e levasse o crime ao conhecimento do Estado fosse confrontado com o estuprador ou o assassino para conferir se seu relato é fidedigno.

Isso tem um nome, embora não seja a intenção do ministro: intimidação.

A Polícia Federal e o Banco Central são burocracias do Estado. Não têm interesses escusos cujas versões precisem ser confrontadas com as de outras pessoas envolvidas no caso.

O BC documentou o que encontrou nas fraudes do Master com a venda de papéis de alto risco e entregou para o Ministério Público há mais de nove meses.

Se a equipe do ministro tem alguma dúvida, pode pedir esclarecimentos. Poderia até chamar o diretor do BC para depor, o que já seria estranho. Mas, acareação – nunca se viu.

Vale o registro de que as investigações do Master estão paralisadas desde que “subiram” da primeira instância para o STF, quando apareceu um documento de compra e venda de um imóvel que mencionava um deputado. Na semana passada, Toffoli anunciou a retomada das investigações, mas até agora, na prática, não autorizou nenhuma diligência da PF. Apenas agora essa acareação entre Master, BRB e BC.

Como se sabe, apesar de todas as pressões políticas graças ao envolvimento de Vorcaro com altos círculos de Brasília, o Banco Central cumpriu o seu papel e liquidou o Master. Que sua independência seja preservada.

 

 

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