30 de dezembro de 2025
Politica

Eleições 2026: racha na direita de SC pode abrir raro caminho para a esquerda nas eleições no Estado

Embora dominante no cenário político de Santa Catarina, a direita vive um racha a menos de um ano da eleição estadual. E em meio ao impasse causado pelo lançamento da pré-candidatura ao Senado de Carlos Bolsonaro (PL), o PT considera haver espaço para a eleição de um senador pelo Estado, ou para o avanço de uma candidatura até o segundo turno da eleição para o governo local. Os petistas avaliam que a presença de um candidato na etapa final da disputa é um importante palanque para a eleição presidencial.

O entrave na direita teve início quando o ex-presidente Jair Bolsonaro decidiu por lançar a pré-candidatura do filho. Após o ocorrido, a deputada Ana Campagnolo (PL-SC) foi às redes sociais defender que, internamente, o partido já havia costurado o apoio do governador Jorginho Mello (PL-SC) às candidaturas da deputada Carol de Toni (PL-SC) e do senador Esperidião Amin (PP-SC).

Carol de Toni, Carlos Bolsonaro e Esperidião Amin, que pretendem disputar o Senado pela direita em Santa Catarina
Carol de Toni, Carlos Bolsonaro e Esperidião Amin, que pretendem disputar o Senado pela direita em Santa Catarina

Atualmente, Carlos apoia a chapa com Carol, e deu indícios, em entrevista recente, de que Jorginho ainda direcionaria seu apoio a Amin. “Mesmo que o governador insista em não cumprir o que foi acordado, estaremos apoiando a Carol do mesmo jeito”, disse.

Nesta semana, o ex-vereador do Rio de Janeiro reforçou que, mesmo com o irmão disputando a Presidência, o que abriria espaço para se candidatar em seu Estado, vai concorrer por Santa Catarina. Ele renunciou ao mandato atual e afirmou que viverá em São José (SC).

O cientista político e professor da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Daniel Pinheiro, avalia a motivação da resistência de Jorginho em apoiar a chapa indicada por Bolsonaro. “Enquanto governador, ele tem duas prioridades, garantir a reeleição e ampliar alianças partidárias. Apoiar o Amin interessa porque fortalece a aproximação com o PP, que é importante para compor uma coalizão robusta em 2026”, explica.

Para viabilizar sua candidatura, Carol de Toni teve de ceder a vaga do partido, mas está decidida a não desistir da empreitada. A deputada afirmou à Coluna do Estadão que pode concorrer por outra sigla.

Oportunidade para o PT

Essa fragmentação na direita abre espaço para cálculos estratégicos do PT, que avalia o melhor cenário para concentrar forças.

“Em 2022 a direita estava unida, agora eles estão divididos. O povo não quer saber da briguinha, do ‘late late’ entre eles”, afirma o pré-candidato Décio Lima (PT-SC) em entrevista ao Estadão.

Em uma possível candidatura ao Senado, o partido poderia eleger seu primeiro senador desde 2002, com Ideli Salvatti. Já em um cenário de disputa ao governo com Décio, que chegou ao segundo turno no estado em 2022, o PT se beneficiaria com maior visibilidade e potencialização da imagem do presidente Lula na eleição presidencial.

“Nós temos uma prioridade, que é a reeleição do presidente Lula, isso é que vai ser determinante. Se o partido entender que é importante que eu seja candidato ao governo, eu estarei nessa missão”, disse Décio.

Dado o histórico eleitoral do estado, Daniel Pinheiro avalia que, apesar de difícil, a chance de o PT aproveitar o “racha” existe. “Enxergo o nome de Décio mais competitivo para o Senado, no entanto é interessante levar ele para o segundo turno, como em 2022, pois aumenta o tempo de tela do PT, pautando com mais eficiência o debate público”, afirmou.

Hegemonia conservadora

Analisando as quatro últimas eleições federais, Santa Catarina elegeu 54 deputados federais de direita ou centro-direita, 78,3% do número total no período (69).

Além disso, o Estado não elegeu nenhum governador de esquerda desde o começo das eleições diretas ao cargo, em 1947.

Últimas pesquisas

O instituto Real Time Big Data divulgou, no último dia 4, uma pesquisa de intenções de voto que mostra um cenário embolado se a direita concorrer com três candidatos. Neste caso, Carlos Bolsonaro aparece com 21% e Carol de Toni soma 18%. Em empate técnico com ela, Espiridião Amin e Décio Lima somariam 14%.

Em um cenário sem Carol, Carlos aparece com 27%, seguido por Amin (21%) e Décio com 14%. Já em um cenário sem Amin, Carlos lidera com 25%, empatado tecnicamente com Carol (22%), seguidos por Décio Lima com 15%.

O Real Time Big Data ouviu 1.200 eleitores de Santa Catarina entre os dias 2 e 3 de dezembro. A margem de erro é de três pontos porcentuais e o índice de confiança é de 95%.

Corrida ao governo

De acordo com a mesma pesquisa, no principal cenário ao governo de Santa Catarina, Jorginho Mello lidera com folga, aparecendo com 48% das intenções de voto, seguido pelo atual prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD-SC) com 22% e Décio Lima atrás, com 14%.

“O João Rodrigues é um nome que tem certa força, ele é do partido do Gilberto Kassab que é um grande articulador, mas a minha leitura é que a intenção é fortalecer João agora para ele se eleger em seguida”, explica o professor Daniel Pinheiro.

Procurados pela reportagem, Carlos Bolsonaro, Caroline de Toni, Esperidião Amin, Ana Campagnolo, Jorginho Mello e João Rodrigues não se manifestaram.

 

 

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