30 de junho de 2025
Politica

Após versão ‘paz e amor’ em interrogatório no STF, Bolsonaro vai retomar ataques ao Judiciário

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Após adotar uma postura amena durante o interrogatório prestado ao Supremo Tribunal Federal (STF) no processo sobre a trama golpista em seu governo, o ex-presidente Jair Bolsonaro deve retomar a postura mais combativa contra o Judiciário. Nos últimos dias, o ex-presidente já retomou o estilo um pouco mais áspero, ao criticar a condução do processo e as acusações de que sofre perseguição política. A tendência é que o tom se eleve daqui em diante, segundo aliados.

No próximo dia 29, em evento organizado pelo pastor Silas Malafaia para pregar pela anistia dos acusados de golpe, Bolsonaro será a estrela. O ato deverá acontecer na Avenida Paulista e será chamado “Justiça Já”. Segundo políticos próximos ao ex-presidente, ele não deverá economizar ataques e agressões, principalmente contra aquele que é considerado seu algoz, o ministro Alexandre de Moraes.

Jair Bolsonaro em ato pró-anistia realizado em Brasília antes da fase de interrogatórios no STF
Jair Bolsonaro em ato pró-anistia realizado em Brasília antes da fase de interrogatórios no STF

“Escolhemos esse mote por que todo esse processo contra Bolsonaro é um abuso. Uma vergonha”, defende o pastor Silas Malafaia. Em sua opinião, se os bolsonaristas não se manifestarem e os apoiadores do ex-presidente não saírem às ruas, será muito difícil conseguir anistia e um “julgamento justo”, como considera um processo que inocente o ex-presidente.

Nesse cenário, a avaliação é de que Bolsonaro não poderá manter a postura de bom humor ou usar um tom leve ao se dirigir ao STF. De acordo com um parlamentar que conversa com frequência com o ex-presidente, o “modelito” que ele vestiu no interrogatório, até brincando com Alexandre de Moraes, a quem, em determinado momento, chegou a convidar para ser o vice de sua chapa em 2026, será aposentado.

Bolsonaro está inelegível até 2030, segundo duas decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No entanto, logo que foi encerrada a audiência no STF, o ex-presidente escreveu em suas redes sociais que se sentia confiante para as próximas eleições. “Saio do tribunal tranquilo e mais confiante de que serei o próximo presidente da República para ajudar a tirar nosso país dessa bagunça”, escreveu.

Muitos dos aliados que circulam no entorno do ex-presidente, no entanto, consideram que a “tranquilidade” é mais retórica que real. Por isso, mal terminada essa primeira audiência no STF, ele já retomou o circuito de viagens pelo País, criticando o Judiciário e mostrando que sua disposição de reverter o cenário e concorrer em 2026 não arrefeceu nem por um instante.

Em suas andanças, Bolsonaro tem contribuído para impulsionar a tese de que a delação do tenente-coronel Mauro Cid não se sustenta, foi construída na base de “mentiras que ele teria inventado”. Nos últimos dias, os debates acerca do tema se acentuaram após a revelações de conversas supostamente travadas entre Mauro Cid e o advogado de Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro que chegou a ser preso em razão disso.

Além de não ser compatível com o temperamento de Bolsonaro, manter uma postura menos belicosa, desagrada aos seus apoiadores, principalmente os que compõem o grupo mais radical. Levantamento da AP Exata logo após o interrogatório mostrou que as críticas dos apoiadores à postura de Bolsonaro pautaram os debates, levando até mesmo Eduardo Bolsonaro a se posicionar, dizendo que o pai estava sendo irônico.

A esta altura do campeonato, aliados apontam que ele pode perder em muitos campos, mas não pode abrir mão dos eleitores que sustentam um candidato inelegível – em quem eles não podem votar – e o mantém em busca de uma eleição que, caso o cenário não mude – ele não poderá participar.

Os resultados da movimentação do ex-presidente, inclusive, foram constatados em pesquisa Datafolha – publicada nesta semana – em que, pela primeira vez, desde o início da série histórica em 2022, mostrou que a parcela de brasileiros que se declaram bolsonaristas se tornou igual aos que se declaram petistas. De acordo com o instituto, o grupo que se considera mais próximo do presidente Lula (PT) caiu de 39% para 35%, desde a última pesquisa em abril. Já os que afirmam apoiar Bolsonaro passou de 31% para 35% no mesmo período.

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