Associação das big techs oferece almoço no ‘Gilmarpalooza’ e BTG deve repetir happy hour
BRASÍLIA – O Fórum de Lisboa, apelidado nos bastidores do Congresso e Judiciário como Gilmarpalooza, se tornou um dos principais eventos do calendário político do Brasil por reunir autoridades dos Três Poderes, advogados de escritórios renomados, acadêmicos e executivos de grandes empresas.
Os painéis com nomes relevantes das diversas áreas do conhecimento, embora chamativos, não são os únicos atrativos. Uma parte importante do evento acontece fora dos muros da Universidade de Lisboa, onde a conferência é realizada. São as festas, os almoços, os jantares e os convescotes na capital portuguesa.

Na edição deste ano, a Associação Latinoamericana de Internet (ALAI) dará a largada no roteiro de eventos paralelos ao Fórum com o oferecimento de um almoço para alguns poucos convidados no tradicional restaurante Adega Tia Matilde nesta quarta-feira, 2.
A ALAI representa os interesses das várias empresas que atuam no ramo da internet, como as big techs Google, Meta, X, Amazon e Tiktok. A associação se descreve como “uma voz de autoridade para a indústria da internet latino-americana, expressando, promovendo e defendendo seus pontos de vista (…) em diversas esferas públicas e privadas”.
O organizador do almoço é o diretor-executivo da ALAI, Raúl Echeberría, que disparou o convite, “por ocasião do XIII Fórum de Lisboa,” a um grupo seleto de participantes. Echeberría está entre os palestrantes da edição deste ano em um painel sobre “economia de dados e regulação de mercados digitais”.
Dentre os membros da ALAI, o Google (10 processos), Mercado Livre (1 processo) , Meta (9 processos), Rappi (5 processos) e X Brasil (1 processo) figuram como partes em ações em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF), que terá cinco ministros como participantes do Fórum.
Além disso, big techs como Google e Meta são partes diretamente interessadas na decisão do STF sobre o marco civil da internet, que aumentou a responsabilidade das redes sociais.
Juristas críticos deste tipo de interação entre empresários e magistrados apontam que encontros reservados, fora da agenda e em contexto de confraternização podem gerar acesso desigual entre partes processuais e possíveis conflitos de interesse.
Em nota, a ALAI afirmou que o almoço oferecido a participantes ilustres do Fórum de Lisboa, “assim como outros encontros promovidos em diferentes países da região, insere-se nesse esforço contínuo de facilitar espaços de diálogo abertos, respeitosos e produtivos entre representantes de todos os setores”. (leia a nota completa ao final do texto).
A associação das big techs não será a única a promover encontros durante o Fórum de Lisboa. O BTG deve repetir neste ano o happy hour oferecido a ministros, políticos, advogados e outros empresários, conforme apurou o Estadão com um dos convidados.
Como mostrou o Estadão, o banco de investimento, que é parte em ações no STF, terá lugar de destaque no evento deste ano. O BTG terá cinco executivos como palestrantes no Gilmarpalooza, inclusive o seu chairman, André Esteves.
Na edição do ano passado, o BTG ofereceu um “happy hour” fora da agenda oficial do evento para autoridades do Judiciário e Legislativo no luxuoso restaurante SUD Lisboa. Como mostrou o Estadão na época, o coquetel foi disputado entre advogados e lobistas. O local foi pensado para que as autoridades e os empresários tivessem mais privacidade.
Leia a nota completa da ALAI
ALAI é uma organização regional latino-americana que promove o diálogo entre todas as partes interessadas em temas relacionados a políticas públicas com impacto no desenvolvimento digital da região.
Participamos de todos os espaços possíveis de diálogo com atores da América Latina e realizamos diversas atividades com o objetivo de fomentar a interação e o intercâmbio entre diferentes grupos de interesse.
Acreditamos que a colaboração e o diálogo ativo entre múltiplos setores são fundamentais para a construção de políticas públicas que favoreçam modelos de desenvolvimento mais inclusivos, baseados na transformação digital e que tragam benefícios reais para toda a população da América Latina — incluindo, naturalmente, o Brasil.
O almoço organizado pela ALAI em Lisboa, assim como outros encontros promovidos em diferentes países da região, insere-se nesse esforço contínuo de facilitar espaços de diálogo abertos, respeitosos e produtivos entre representantes de todos os setores.