Marina vai à Câmara e diz que foi ‘terrivelmente agredida’ por deputado da oposição
BRASÍLIA – A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira, 2, que se sentiu “terrivelmente agredida” pelo deputado federal Evair Vieira de Melo (PP-ES), que voltou a dizer que ela era “adestrada” e que usa a mesma estratégica de retórica das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e dos grupos terroristas palestino Hamas e libanês Hezbollah.
“Depois do que aconteceu ali (no Senado Federal), as pessoas iam achar muito normal fazer o que está acontecendo aqui num nível piorado”, afirmou Marina. “Fui terrivelmente agredida.”

No Senado, em maio, Marina abandonou audiência pública após uma série de discussões com parlamentares da oposição. Na Câmara, desta vez, a ministra veio sob condição de convocação (o que a obriga a comparecer) para prestar esclarecimentos sobre o apoio ao acampamento Terra Livre, sobre o aumento das queimadas e do desmatamento na Amazônia; e sobre o impacto ambiental da realização da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém.
Durante a audiência a ministra defendeu a participação no Acampamento Terra Livre, em abril, e que saiu no meio da marcha dos indígenas, e disse que a construção de uma rodovia em função da COP-30 é de responsabilidade do Estado do Pará e não do governo federal.
Novamente, parlamentares da oposição trocaram ofensas. O presidente do colegiado, Rodolfo Nogueira (PL-MS), disse que a ministra age “como se fosse a paladina da sustentabilidade” – governistas disseram que deputados da oposição agiram com desrespeito.
Evair Vieira de Melo criticou a condução da política ambiental por parte de Marina Silva, dizendo, entre outras coisas, que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) age como uma indústria da multa e criticou os números de desmatamento.
A ministra disse estar “em paz” depois de fazer uma oração a Deus antes da sessão pedindo calma. “Estou muito tranquila com a minha consciência. Em termo de defesa do meio ambiente, que deus julgue entre eu e vossa excelência e dê seu veredito”, afirmou Marina.
Em outubro 2024, como presidente da Comissão da Agricultura, o mesmo Evair disse que a ministra foi “adestrada” para comparecer à reunião do colegiado. “Quem é que é adestrado? Tenha santa paciência. O senhor não vai me dizer que sou uma pessoa adestrada”, respondeu a ministra naquele momento.