Invasão de prédio do Itaú resgata face radical de Boulos e anima PSOL
A invasão da sede do Banco Itaú, na Avenida Faria Lima, nesta semana, pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), levou de volta às ruas a face radical do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), que é cotado para assumir a Secretaria-Geral da Presidência, pasta que lida com movimentos sociais.
Ex-líder do MTST, Boulos celebrou a invasão, que animou o PSOL. A presidente do partido, Paula Coradi, disse que o partido “seguirá firme” na defesa da taxação dos super-ricos e defendeu a manifestação.
“O protesto teve como objetivo mostrar que os ricos brasileiros finalmente paguem impostos para não termos a vergonha de ser um dos países mais desiguais do mundo. Seguiremos firmes nessa pauta”, afirmou a presidente do PSOL.
Dias antes da invasão, numa entrevista à Coluna do Estadão/Broadcast, Paula havia avaliado que eventual ida de Guilherme Boulos para o cargo de ministro trará avanços para a sigla e para as mobilizações sociais.
“O PSOL teria um quadro político de grande capacidade de articulação em uma pasta que requer esses requisitos. É uma pessoa que tem diálogo com os movimentos sociais e conseguiria ampliar isso. Poderia melhorar a nossa interlocução, mas tudo isso estamos a ver”, dissera. Perguntada se ratificava a avaliação após o ocorrido na sede do Itaú, ela não respondeu.
Reação de Boulos à invasão do Itaú
Na manhã da quinta-feira, 3, integrantes do MTST e da Frente Povo Sem Medo invadiram o saguão da sede do Itaú, em São Paulo. O grupo exibiu cartazes pedindo a taxação da alta renda e deixou o local poucas horas depois. Enquanto o protesto acontecia, Boulos comemorou nas redes sociais:
“Pra cima! O MTST e a Frente Povo Sem Medo ocuparam hoje a sede do Itaú na Faria Lima – o prédio mais caro do Brasil, que custou R$ 1,5 bi para ser construído. A ocupação tem como pauta a taxação dos super-ricos. O recado do povo é claro: o Brasil precisa de Justiça tributária”. A publicação foi acompanhada de duas fotos, em que manifestantes exibiam os cartazes “O povo não vai pagar a conta” e “Taxação dos super-ricos já”.
Pra cima! O @mtst e a Frente Povo Sem Medo ocuparam hoje a sede do Itaú na Faria Lima – o prédio mais caro do Brasil, que custou R$ 1,5 bi para ser construído. A ocupação tem como pauta a taxação dos super-ricos. O recado do povo é claro: o Brasil precisa de Justiça tributária. pic.twitter.com/vBHaVe8XGi
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) July 3, 2025
Presidente do PSOL vê avanços se Boulos assumir Secretaria-Geral
A presidente nacional do PSOL, Paula Coradi, avalia que a eventual ida do deputado federal Guilherme Boulos para a Secretaria-Geral da Presidência da República trará avanços para a sigla.
“O PSOL teria um quadro político de grande capacidade de articulação em uma pasta que requer esses requisitos. É uma pessoa que tem diálogo com os movimentos sociais e conseguiria ampliar isso. Poderia melhorar a nossa interlocução, mas tudo isso estamos a ver”, afirmou Paula Coradi em entrevista à Coluna do Estadão/Broadcast na quarta-feira, 18.
Ao receber a primeira sondagem de Lula, Boulos disse ao partido que aceitava abrir mão de uma candidatura em 2026 para ficar na Secretaria-Geral até o término do mandato do petista. Para disputar a cadeira na Câmara, precisaria deixar o cargo de ministro até abril de 2026, por determinação da legislação eleitoral.
Boulos foi o deputado federal mais votado em São Paulo em 2022 e foi o puxador de votos para a sigla, que conseguiu cinco dos 13 parlamentares no Estado. Por esse motivo, parte do PSOL insiste para que ele dispute a Câmara.
Caso Boulos realmente não se candidate em 2026, a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) deve assumir o posto de puxadora de votos no próximo pleito, na visão do partido.
“Acho que ela vai ser uma grande puxadora, mas a gente acha que o Guilherme Boulos tem que ser candidato porque ele tem um papel muito importante para desempenhar. Ele foi o deputado mais votado da esquerda em 2022, ele tem capital político para transferir”, a presidente nacional do PSOL.

PSOL se divide entre Boulos ser ministro e disputar eleições em 2026
A possibilidade de Boulos ser ministro da Secretaria-Geral da Presidência não é um consenso no PSOL. Uma das razões é que, segundo as negociações com o Planalto, o cargo implicaria em Boulos ficar no posto até o fim do mandato de Lula. Por isso, o parlamentar teria de abrir mão de se reeleger na Câmara.
Deputado mais votado de São Paulo em 2022, Boulos foi o puxador de votos para a sigla, que conseguiu cinco dos 13 parlamentares no Estado. A legenda está ameaçada pela cláusula de barreira e precisa seguir aumentando a bancada para continuar na Câmara.
Para a presidente do PSOL, a deputada Erika Hilton (PSOL-SP) deve assumir o posto de principal cabo eleitoral da sigla, no cenário em que Boulos desista da reeleição e vire ministro. Mesmo assim, Paula Coradi ressalta que a decisão de Boulos ainda não está tomada.
“Acho que ela (Erika Hilton) vai ser uma grande puxadora, mas a gente acha que Boulos tem que ser candidato porque ele tem um papel muito importante para desempenhar. Ele foi o deputado mais votado da esquerda em 2022, ele tem capital político para transferir”, disse a presidente do PSOL.
Questionada sobre a possibilidade de Boulos assumir o ministério, Coradi contemporizou:
“O PSOL teria um quadro político de grande capacidade de articulação em uma pasta que requer esses requisitos. É uma pessoa que tem diálogo com os movimentos sociais e conseguiria ampliar isso”.