8 de julho de 2025
Politica

Por que crise no PT de Minas embaralha eleição para presidente nacional do partido

Uma crise no diretório de Minas Gerais que foi parar na Justiça pode atrasar o anúncio do novo presidente nacional do PT. O imbróglio gira em torno da deputada federal Dandara Tonantzin (PT-MG). Ela teve a candidatura a presidente do diretório mineiro barrada por não pagar uma dívida partidária dentro do prazo, mas conseguiu uma decisão judicial no sábado, 5, para ter seu nome nas urnas.

Após a decisão, contudo, o PT nacional optou pela suspensão da eleição em Minas Gerais e marcou uma reunião de emergência para terça-feira, 8, quando decidirá o que fazer – ainda não há uma nova data para o pleito.

Deputada Dandara Tonantzin (PT-MG) entrou na Justiça para disputar a eleição estadual do partido.
Deputada Dandara Tonantzin (PT-MG) entrou na Justiça para disputar a eleição estadual do partido.

Presidente interino do PT, o senador Humberto Costa, disse ao Broadcast/Estadão que o nome do próximo presidente pode ser anunciado na segunda-feira, 7, conforme o previsto inicialmente.

“A depender da votação que exista, a gente já vai poder anunciar. Se o candidato que chegar em primeiro lugar independa dos votos de Minas para ser considerado como presidente, nós vamos anunciá-lo, embora não seja ainda o resultado oficial”, declarou ele. O favorito é o ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), que tem apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Além de Edinho, concorrem ao cargo o ex-presidente do PT e deputado federal, Rui Falcão; o secretário de Relações Internacionais do partido, Romênio Pereira; e o diretor da Fundação Perseu Abramo Valter Pomar.

O próximo presidente do PT ficará no cargo até 2029. A eleição para a presidência do partido é importante porque o próximo mandatário será responsável, entre outros temas, por conduzir a campanha pela reeleição de Lula, além de ter papel fundamental na articulação dentro do Congresso.

O impasse em Minas Gerais expõe o racha do PT local nos últimos anos. De um lado, estão o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) e o presidente estadual Cristiano Silveira (PT), que apoiam a candidatura de Dandara.

Do outro, a secretária nacional do PT, Gleide Andrade, os deputados federais Rogério Correia (PT) e Patrus Ananias (PT) e a maioria da bancada petista na Assembleia Legislativa local, que defendem a eleição da deputada estadual Leninha (PT).

Dandara teria que ter quitado uma dívida de mais de R$ 130 mil com o PT até o dia 29 de maio. Ela afirma que tentou efetuar o pagamento, mas a operação foi estornada pelo banco, a obrigando a refazer a transação dias depois.

O grupo que apoia Dandara recorreu ao Diretório Nacional do PT, que decidiu anular a candidatura dela no início da semana. Como o órgão é a última instância partidária, a deputada entrou na Justiça em busca de reverter a decisão.

Assim que a decisão judicial determinou a participação de Dandara na eleição, o presidente do PT mineiro ordenou a confecção de novas cédulas com o nome da parlamentar.

Porém, no final da noite de sábado, a Comissão Executiva Nacional votou pela suspensão da eleição mineira sob o argumento de não haver condições logísticas para inserir em tempo hábil o nome de Dandara nas cédulas “já produzidas, impressas e distribuídas” aos mais de 700 municípios do Estado”.

O Diretório Nacional também demonstrou desconforto com o fato de um assunto interno da sigla ter sido levado à Justiça. A reunião na terça-feira discutirá “casos de judicialização por parte de filiados contra decisões internas do Partido”. No passado, já houve punições a filiados que judicializaram questões partidárias.

Dandara afirma que procurou esgotar “todas as discussões nas instâncias partidárias antes de recorrer à Justiça”.

“No entanto, devido à tentativa de indeferir a minha candidatura sob uma justificativa já comprovadamente infundada, não tivemos outra escolha. Não podemos tolerar a instrumentalização da burocracia para avançar em perseguições políticas”, escreveu ela nas redes sociais neste domingo.

Os apoiadores da deputada traçam paralelos entre a situação de Dandara e a condenação de Lula pela Operação Lava Jato, que o impediu de disputar a eleição presidencial de 2018.

Secretária nacional do PT, Gleide Andrade defendeu em reportagem do Estadão a decisão de barrar Dandara. Ela afirmou que quase 440 candidaturas à presidência do partido em diferentes instâncias foram anuladas por pendências financeiras com a sigla.

“O partido tem regras claras. Todo filiado que ocupa cargo eletivo ou de confiança precisa estar em dia com suas contribuições”, disse Gleide. “Não é justo dizer que houve manobra política. É uma violência dizer que isso (a anulação da candidatura de Dandara) foi uma ação do meu grupo político”, continuou ela.

 

 

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