Ilustríssimo privilégio: o que é preciso para ser assessor no Congresso com salário de até R$ 23 mil
BRASÍLIA – Deputados e senadores têm a sua disposição assessores e secretários parlamentares que não precisam fazer concurso para ocupar a vaga. Basta ser da confiança do parlamentar para ser nomeado. Os salários de quem galga essa posição privilegiada podem chegar a R$ 23,7 mil.
No final do mês passado, assessores escolhidos pela deputada federal Érika Hilton (PSOL-SP) viraram motivo de polêmica. A congressista empregou dois maquiadores em seu gabinete. Ronaldo Cesar Camargo Hass e Índy Cunha Montiel da Rocha, trabalham desde maio de 2024 com a parlamentar e recebem, respectivamente, R$ 9.678,22 e R$ 2.126,59.

Hass e Rocha divulgam o trabalho como maquiadores nas redes sociais e a deputada aparece constantemente em publicações.
Afinal, o que fazem os assessores e secretários dos parlamentares? Quanto ganham? Qual o processo seletivo? E quantos são atualmente?
Os deputados podem ter de cinco a 25 pessoas de sua confiança para exercer as funções de secretário parlamentar ou os chamados “cargos de natureza especial” (CNE). Eles não passam por concurso público.
Atualmente existem 9.923 secretários parlamentares assessorando os 513 deputados federais. Cada deputado tem uma verba de R$ 133 mil por mês para gastar com esses assessores.
O salário mínimo de um secretário é de R$ 1,5 mil e o máximo é de pouco mais de R$ 9,3 mil reais. Além disso, o deputado pode acrescentar ao salário do secretário parlamentar uma gratificação de “representação de gabinete”, que corresponde ao dobro do salário da pessoa, desde que não ultrapasse o limite da verba de gabinete.
Já os valores recebidos pelos assessores que atuam num “cargo de natureza especial”, variam entre R$ 4,3 mil e R$ 23,7 mil.
No Senado, as regras são um pouco diferentes: cada senador pode ter até 50 servidores comissionados no seu gabinete. Os valores pagos a esses funcionários variam entre quase R$ 3 mil para um ajudante parlamentar júnior e pouco mais de R$ 17 mil para um assessor parlamentar.
Os secretários, assessores e CNES realizam serviços de secretaria, assistência e assessoramento direto e exclusivo nos gabinetes dos deputados, tanto em Brasília como em outros estados, na forma de representação política, como se fossem levar as ações dos parlamentares em alguma região específica.
Isso significa que, em alguns casos, para ser assessor ou secretário parlamentar não é preciso nem morar em Brasília.