Em alerta, setor de pescados compara tarifaço de Trump ao início da pandemia de Covid
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), Eduardo Lobo, afirmou nesta sexta-feira, 11, que o impacto no setor causado pelo tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é comparável ao início da pandemia de Covid, quando houve uma queda brusca no mercado. Em conversa com a Coluna do Estadão, Lobo alertou para a interrupção da produção de pescado à exportação, que tem 70% do montante destinado os EUA.
Nessa quinta-feira, 10, dia seguinte ao anúncio de uma sobretaxa de 50% sobre exportações brasileiras aos EUA, 58 contêineres com pescados deixaram de embarcar para aquele país. A carga total é de mil toneladas de peixes. Nesta sexta-feira, 11, Lobo avaliou que a situação se recrudesceu.
“A carga agora está voltando dos portos para os pátios. A situação é muito grave. Talvez pior do que o início da pandemia. Agora começamos uma interrupção do processo industrial de pescado para exportação, o que leva à interrupção da compra da pesca artesanal”, afirmou à Coluna do Estadão o presidente da Abipesca, que representa empresas responsáveis por 90% das exportações de pescados do País.

Se a taxação anunciada por Trump se mantiver, seguiu Lobo, a produção sofrerá um corte drástico, tendo em vista que o mercado interno não consegue absorver esse excedente. Ao mesmo tempo, não há um mercado alternativo dessa monta: o País enfrenta um embargo do mercado comum europeu desde 2017.
“Só exportamos o excesso de produção. Então, o mercado interno não consegue absorver tanta oferta. Não vão colocar peixe na água para engordar, o que vai ter um reflexo daqui a seis meses e uma falta de produção”, continuou.
O presidente da Abipesca defendeu que o governo brasileiro peça uma prorrogação mínima de 90 dias para a nova taxa entrar em vigor. Segundo o anúncio de Trump, a tarifa começará a ser cobrada a partir de 1º de agosto, daqui a 20 dias.
