Aliados de Bolsonaro batem cabeça sobre ‘culpado’ por tarifaço de Trump contra o Brasil; entenda
Com a estratégia de apontar um culpado para atribuir a taxação dos Estados Unidos de 50% sobre os produtos brasileiros, bolsonaristas têm demonstrado dificuldade em centralizar as críticas em um único nome e se dividem entre culpar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Os dois principais expoentes desse bate-cabeça são o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), um dos pivôs da crise, e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que mesmo sem ser citado entrou no conflito tributário defendendo Trump e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O americano alega que a taxação é resposta à “perseguição” contra o ex-presidente, réu por tentativa de golpe de Estado no Supremo.
Nas primeiras declarações sobre o caso, Tarcísio não defendeu explicitamente a tarifa imposta por Trump, mas culpou o presidente pela crise. Lula será seu principal concorrente em 2026, caso seja o escolhido pela direita para disputar a Presidência.
“Lula colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado. Tiveram tempo para prestigiar ditaduras, defender a censura e agredir o maior investidor direto no Brasil. Outros países buscaram a negociação. Não adianta se esconder atrás do Bolsonaro. A responsabilidade é de quem governa. Narrativas não resolverão o problema”, afirmou Tarcísio nas redes sociais na noite de quarta-feira, 9.
Criticado pelo posicionamento contrário aos interesses econômicos do País e de São Paulo, o governador afirmou que se reuniu com o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA, Gabriel Escobar, nesta sexta-feira, 11, em Brasília.
Eduardo, o filho do ex-presidente que se mudou para os Estados Unidos para buscar sanções contra autoridades brasileiras, em benefício do pai, rebateu o movimento de Tarcísio. O deputado federal licenciado, que também é um dos pretendentes a concorrer em 2026 contra Lula, não citou o governador, mas afirmou que “qualquer tentativa de acordo sem um primeiro passo do regime em direção a uma democracia será interpretado como mais um acordo caracu”.
Qualquer tentativa de acordo sem um primeiro passo do regime em direção a uma democracia será interpretado como mais um acordo caracu, pois isso já foi exaustivamente tentado no passado – e os americanos também já conhecem essas histórias.
Ou seja, retirar a Tarifa-Moraes agora… pic.twitter.com/hFXacVzvhG
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) July 11, 2025
O deputado insiste no termo “Tarifa-Moraes” e tenta culpabilizar o ministro relator da ação penal que colocou Bolsonaro no banco dos réus, a fim de aumentar pressões políticas para o pai ser anistiado pelos crimes aos quais está respondendo.
Em outra publicação, o filho “03″ admite o mesmo posicionamento de Tarcísio e de outros bolsonaristas, de que “Lula contribuiu” com a crise. Mas reforça, na sequência, que o “principal culpado” é Moraes.
“Se ele não tivesse prendido inocentes em massa, assassinado Clezão, expulsado X, congelado contas da Starlink, impedido operação da Rumble e Truth no Brasil, acelerado processo contra Jair Bolsonaro e seus apoiadores, ter dado missão para Benedito Gonçalves cumprir, interferido na eleição de 2022 e etc., jamais teríamos a Tarifa-Moraes de 50%. A boa notícia é que para retirar a Tarifa-Moraes basta fazer o oposto”, escreveu Eduardo.
Como mostrou o Estadão, enquanto culpam Lula pela iniciativa de Trump, os bolsonaristas tentam blindar Jair e Eduardo Bolsonaro de críticas. Um dos argumentos é de que o deputado teria tentado atuar para restringir a punição a Moraes, e não ao País inteiro. Há um receio de que a culpa recaia na família, como aliados do governo Lula têm endossado.