Trump mirou em Lula e Moraes, mas quem saiu queimado foi o governador Tarcísio de Freitas
O que pode levar um possível candidato à Presidência da República em ascensão a queimar, em uma semana, parte de seu capital eleitoral que crescia como bolo fermentado? Explicações de todo tipo não faltam. Mas uma é certeira: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que vinha se equilibrando entre os donos do dinheiro e do poder e os “bolsonaristas raiz”, escorregou e pode ter derrubado junto um pedaço do repertório construído até agora.
Tarcísio se enrolou em um enredo completamente non sense que envolve o presidente dos Estados, Donald Trump, Eduardo Bolsonaro (PL) — o filho 03 do ex-presidente inelegível, que resolveu abrir mão de sua cadeira na Câmara dos Deputados —, o Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Lula, o Itamaraty e parte da turma do dinheiro e dos negócios em São Paulo.
Nesse novelão, Tarcísio sofreu um golpe que não esperava e viu como beneficiário seu provável adversário na corrida presidencial de 2026. Lula, um dos alvos principais do ataque trumpista e que patinava no chão das pesquisas de aprovação, ganhou o que tanto sonhava: um inimigo para posar de salvador da pátria.
Em tese, o novelão tem data para acabar: 1º de agosto. Porque como em boa parte dos folhetins, a novela trumpista pode sofrer uma reviravolta às véspera do final. É bom lembrar que Trump pode mudar de ideia, como já fez com muitos outros países. Ameaçou, ameaçou e voltou atrás. A expectativa, portanto, é se isso vai acontecer de novo e saber quem vai sair ganhando.
Aparentemente estimulado por Eduardo e sua turma, o presidente norte-americano, na quarta-feira passada (09), mandou uma carta a Lula anunciando que a partir de agosto aplicará uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos.
Na carta, Trump cita Jair Bolsonaro e diz que é ”uma vergonha internacional” o julgamento do ex-presidente no STF. Essa, como se diz coloquialmente, é a “versão para inglês ver”. A outra e realmente importante é a preocupação com o futuro das big techs no Brasil.
Por enquanto, Tarcísio está sofrendo pressões de todos os lados. Até a semana passada, o governador paulista era apontado como favorito para herdar os votos de Bolsonaro – inelegível até 2030 e com boas chances de ser condenado à prisão no processo do golpe de 8 de janeiro.
O governador vinha tentando se equilibrar entre a aposta na sua reeleição e os discursos com cara, cheiro e jeito de palavras de um futuro concorrente à inquilino do Palácio da Alvorada.
O tropeção na tarifa trumpista pode por tudo a perder? Tarcísio, o nome da centro-direita, o homem que o País necessitava para se livrar de Lula e Bolsonaro de uma vez só, está no corner. Pressionado pelos dois lados, o governador resolveu procurar ministros do STF para que Bolsonaro tivesse seu passaporte liberado e pudesse ir aos EUA se encontrar com Trump e pedir-lhe que liberasse o Brasil das tarifas.
Virou motivo de troça e terá que dar duro para correr atrás das intenções de voto perdidas. Ou como diria Robin, nas versões antigas do seriado do homem-morcego: Santa melancia, Batman! O que vamos fazer agora?
