Arte de Orí: projeto certifica jovens com oficinas de tranças
Texto: Mateus Soares | Secom PMS
Fotos: Lucas Moura | Secom PMS
A Fundação Gregório de Mattos (FGM) realizou, na tarde desta quarta-feira (16), o encerramento da edição 2024 do projeto Arte de Orí, iniciativa que teve como proposta central proporcionar vivências ligadas à arte do trançado afro a jovens frequentadores das bibliotecas municipais da capital baiana.
A cerimônia ocorreu no Teatro Gregório de Mattos, na Praça Castro Alves, reunindo participantes, gestores públicos, representantes das comunidades envolvidas, além de alunos e professores da rede municipal. Desde o início do segundo semestre do ano passado, foram oferecidas oficinas de tranças afro em três unidades: Denise Tavares (Liberdade), Nair Goulart (Valéria) e Edgard Santos (Ribeira). Cerca de 60 jovens participaram da formação. A iniciativa é promovida pela Gerência de Bibliotecas e Promoção do Livro e da Leitura.
Além da entrega dos certificados às alunas concluintes, o evento de encerramento contou com uma programação especial. O público assistiu ao esquete teatral “Cleria: uma tigresa de unhas negras” e pôde conferir uma mostra dos trabalhos produzidos durante as oficinas.
Presente na cerimônia, a gerente de Biblioteca e Promoção do Livro e da Leitura da FGM, Jane Palma, declarou que o projeto Arte de Orí se insere em uma política pública estruturada da valorização da diversidade cultural.
“Desde 2017, temos desenvolvido projetos de incentivo ao hábito da leitura. A política pública exercida hoje pela Prefeitura de Salvador conta com seis grandes projetos que percorrem toda a cidade, levando livro, leitura e consciência sobre diversidade étnica, racial e religiosa. Neste mês de julho, marcado pelo Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebramos a culminância do segundo ano do projeto Arte de Orí”, afirmou.
Segundo ela, o projeto parte da valorização simbólica e cultural do trançado afro como forma de expressão, identidade e sustento.
“Arte de Orí significa fazer arte na cabeça, a arte da trança, do torso, de transformar a cabeça em um espaço de comunicação cultural. O projeto começou na Ribeira, Liberdade e Valéria, e hoje temos aqui representantes dessas comunidades. Implantamos nas três localidades a Oficina de Orí, uma oficina de trancistas, com o objetivo de levar o ofício às comunidades e incentivar adolescentes a, quem sabe, trabalhar com isso, seja em casa ou em salões”, explicou.
Ampliação
Jane também anunciou a ampliação da iniciativa com uma nova edição para o segundo semestre deste ano em novos bairros.
“Hoje entregamos os certificados do ano de 2024 e anunciamos os novos passos para 2025. No segundo semestre, vamos levar a Arte de Orí às bibliotecas comunitárias de Salvador, promovendo a sustentabilidade por meio do trabalho manual em comunidades de Itapuã a Coutos. Estamos encerrando as atividades nas localidades já atendidas, entregando os certificados e lançando oficialmente o ciclo de 2025. A partir de outubro, realizaremos novas oficinas em bibliotecas de outras regiões”, acrescentou.

Para o presidente da FGM, Fernando Guerreiro, o projeto impacta positivamente na autoestima e nas oportunidades de geração de renda entre os jovens.
“Esse projeto é muito importante, principalmente por gerar empregabilidade. Não há nada melhor do que unir trabalho com aquilo que se ama. Digo isso especialmente para a juventude que está aqui hoje. Esse projeto só existe porque vocês compraram essa ideia e estão aqui conosco. Vamos divulgar mais, fazer novas etapas, alcançar mais pessoas. É um projeto que resgata autoestima, ancestralidade e o nosso patrimônio”, disse.

Impactos – O impacto do Arte de Orí já se reflete na trajetória de participantes como Maiane Vieira, de 28 anos, moradora do bairro de Valéria. “O curso, para mim, foi algo muito produtivo. Depois que eu fiz, me especializei e comecei a trabalhar como trancista. Agradeço à Arte de Orí por ter me incentivado e por querer ajudar. Eu sou mãe atípica, e esse curso me ajudou bastante. Hoje, já faz um ano que trabalho com tranças, e sou muito grata por isso”, avaliou.
A programação também contou com a presença de estudantes da rede municipal. “Eventos como esse são importantes porque enfatizam nossas raízes, nos reconectam com quem somos e nos fazem refletir sobre nossas origens, pensando não só no presente, mas em como isso pode impactar as futuras gerações. É essencial estarmos reunidos para discutir e refletir sobre esse evento maravilhoso que está acontecendo”, declarou a coordenadora da Escola Municipal Arlete Magalhães, Helen Cerqueira. A unidade foi representada por cerca de 40 alunos.