Célia Xakriabá fará representação contra Kim Kataguiri no MPF e Conselho de Ética por racismo
BRASÍLIA – A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) fará uma representação no Ministério Público Federal (MPF) e no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados contra o também parlamentar Kim Kataguiri (União-SP) por violência política de gênero e racismo.
Durante a votação do licenciamento ambiental na madrugada desta quinta-feira, 17, os dois se desentenderam.

Momentos antes, na tribuna, Kataguiri havia se referido a comunidades indígenas como “tribos”, que teriam sido beneficiadas com a Usina de Belo Monte – pouco depois, Xakriabá usou a expressão “deputado estrangeiro” no microfone.
Em seguida, Kataguiri se referiu à deputada como “cosplay”, termo utilizado para pessoas que se fantasiam de um personagem.
Xakriabá voltou ao microfone e disse que as referências ao seu cocar configuram “um racismo televisionado”. Ela acrescentou: “Certamente eu tomarei as medidas necessárias”. Na sequência, o microfone foi desativado, e o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) prosseguiu com a votação.
A deputada, então, continuou a protestar e foi em direção a Kataguiri. Os dois bateram boca, e a Polícia Legislativa interveio.
“O racismo opera tanto no lugar de covardia, porque as pessoas fazem e depois negam fazer neste lugar”, disse Xakriabá, na tarde desta quinta-feira.
Kataguiri disse que a acusação de racismo “não tem o menor sentido, porque ela me chamou de deputado estrangeiro”. O parlamentar é brasileiro e descendente de japoneses. “Quando uma pessoa, a uma pauta desconhecida, estranha, vem falar sobre nós, ele é um estrangeiro”, justificou Xakriabá.
O projeto de lei que trata da nova lei do licenciamento ambiental foi aprovado na quinta-feira a contragosto do Ministério do Meio Ambiente, dos deputados PT e do PSOL. Xakriabá disse esperar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vete integralmente a proposta. Do lado psolista, a expectativa é que a sigla vá à Justiça questionar a constitucionalidade da lei.