19 de julho de 2025
Politica

‘Muita alegria’ com Trump virou tornozeleira e ‘suprema humilhação’ de Bolsonaro

O ex-presidente Jair Bolsonaro reagiu “com muita alegria” à carta que Donald Trump lhe enviou declarando guerra ao presidente Lula, mas foi exatamente essa carta que lhe custou a “suprema humilhação” de, horas depois, sofrer busca e apreensão da PF, passar a usar tornozeleira eletrônica e ficar impedido de ter contato com representantes estrangeiros e até com o próprio filho, Eduardo Bolsonaro, que trama contra o Brasil nos Estados Unidos.

O argumento da PF, acatado pela PGR e usada pelo ministro Alexandre de Moraes para as medidas restritivas a Bolsonaro, é de “concreta possibilidade de fuga do réu”. Difícil questionar, já que Bolsonaro, muito antes de se tornar réu, já se escondia na embaixada da Hungria, tem o suporte prático do filho Eduardo nos EUA, o acolhimento óbvio do governo Trump e dinheiro farto para escapar pelas fronteiras. Seu passaporte foi retido? E daí? Para que servem passaportes em caso de fuga?

A Polícia Federal (PF) cumpre mandados contra o ex-presidente Jair Bolsonaro na manhã desta sexta-feira, 18, em Brasília
A Polícia Federal (PF) cumpre mandados contra o ex-presidente Jair Bolsonaro na manhã desta sexta-feira, 18, em Brasília

A guerra de Trump contra o Brasil escala rápida e perigosamente. Começou mirando Alexandre de Moraes, evoluiu para ameaças ao Supremo, descambou para um ataque inadmissível à soberania nacional e disparou para um confronto direto entre Trump e Lula. Logo, uma guerra presidencial. Quem ganha e quem perde com essa guerra?

Nesse momento, o grande derrotado é Jair Bolsonaro, que mais sofreu o efeito Trump na pesquisa Quaest, está restrito à sua casa entre 7 da noite e 7 da manhã, de tornozeleira, e às vésperas da condenação tida como praticamente certa, com a consequente prisão – que pode ser domiciliar ou não.

O blá-blá-blá de “caça às bruxas” não resiste à montanha de provas da tentativa de golpe. Quanto mais Trump “mete o bedelho”, como bem disse o general Hamilton Mourão, mais piora a situação de Jair Bolsonaro e até de Eduardo.

O maior vitorioso, por ora, é Lula, que recupera apoio em segmentos importantes, como Sudeste, mulheres, católicos e até em setores tradicionalmente refratários ao PT: classe média, quem tem curso superior e eleitorado de centro. A expectativa é que a melhora na popularidade tenha reflexos também na governabilidade, ou seja, na relação, hoje tensa e desgastada, com o Congresso.

O resultado de médio e longo prazo, porém, pode ser drástico não só para Bolsonaro, mas para todo o País, resvalando para o governo e o próprio Lula. O efeito imediato é político e provoca uma nova união nacional – como após o 8 de janeiro –, mas o impacto final pode ser nas tarifas e, portanto, contra o Brasil e os brasileiros. Com Donald Trump, “imperador do mundo”, nada pode ser descartado.

 

 

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