19 de julho de 2025
Politica

O que família Bolsonaro já falou sobre influência no tarifaço de Trump; veja

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Desde a semana passada, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados a eles a partir de 1º de agosto, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e três de seus filhos têm reagido nas redes sociais: tanto em agradecimento ao americano, como em busca de um culpado pela sanção tarifária.

O vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PL), o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) apostam no discurso de que, caso a Justiça brasileira encerre o processo contra o pai, réu por golpe de Estado, Trump retirará a sanção tarifária.

Jair Bolsonaro com os filhos Flávio, Eduardo e Carlos.
Jair Bolsonaro com os filhos Flávio, Eduardo e Carlos.

Em um escorregão nesta sexta-feira, 18, dia em que Bolsonaro foi alvo de mandado da Polícia Federal (PF), Flávio se desalinhou ao discurso da família e sugeriu que Trump retirasse a tarifa e aplicasse punições individuais a quem pratica “perseguições” para interesses próprios. Em seguida, o senador apagou a publicação.

O pai, Jair Bolsonaro, que a partir de agora usa tornozeleira eletrônica como uma das medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), também não manteve a mesma narrativa, dizendo em certos momentos que o filho Eduardo não tinha nada a ver com as tarifas de Trump.

Eduardo, por outro lado, descreve sua permanência nos Estados Unidos declaradamente para buscar sanções contra autoridades brasileiras, de “autoexílio”, e em diversas ocasiões se vangloriou do trabalho que tem feito no país americano.

Veja as falas de cada um em ordem cronológica aos pronunciamentos do presidente americano sobre as tarifas ao Brasil e ao réu Jair Bolsonaro.

9 de julho: tarifa de 50% para o Brasil

No último dia 9, o republicano enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na qual informou que todos os produtos importados do Brasil para os EUA serão taxados em 50%.

Entre as justificativas do norte-americano, estão o tratamento dado pelo País ao ex-presidente e as decisões do STF contra empresas americanas de tecnologia. Dois dias antes, Trump havia publicado nota afirmando que Bolsonaro sofria perseguição e “caça às bruxas”.

10 de julho: Eduardo ameaça Moraes e diz que Trump vai ‘para cima’ do ministro

Em vídeo publicado em seu perfil do Instagram, Eduardo desafiou Moraes a incluir o presidente dos EUA no inquérito das fake news. No mesmo dia, em entrevista a Globo News, Flávio disse que “ninguém está feliz” com tarifas.

  • Eduardo: O filho do ex-presidente afirmou que o magistrado “não é macho”, “é frouxo” e “está com medo” do líder americano.
  • Flávio: O senador disse que o Brasil não tem capacidade de negociação com os EUA e defendeu a anistia dos condenados pelo ataque de 8 de Janeiro como forma de evitar a taxação. Flávio admitiu que a medida de Trump não é puramente comercial, mas mecanismo para pressionar Brasil. “A sanção que o Trump impõe não é meramente econômica, todos nós sabemos disso, ela tem, sim, um viés político, e tem um viés econômico, porque o Trump olha para a América do Sul e enxerga para onde o Lula está levando nosso País.”

13 de julho: Diretor de conselho americano diz que tarifas são mais altas para Brasil pela situação com Bolsonaro

O diretor do Conselho Econômico Nacional dos EUA, Kevin Hassett, afirmou no domingo, 15, que as tarifas ao Brasil são “muito mais altas” do que a de outros parceiros comerciais devido à “frustração” de Trump em relação ao tratamento dado a Bolsonaro.

14 de julho: Alegações finais da PGR pedem condenação de Bolsonaro

A Procuradoria-Geral da República pediu, na segunda-feira, 14, a condenação de Bolsonaro e de seus ex-ministros e militares que integraram o “núcleo crucial” do plano de golpe de Estado.

  • Eduardo: Em entrevista à Coluna do Estadão, Eduardo falou sobre o esforço de negociação com Trump. “Então, muito modéstia à parte, o que a gente fez foi quase um milagre. Sem um escritório de lobby, sem dinheiro, sem apoio partidário, e a gente conseguiu colocar na mesa o único fator que está possibilitando a gente sonhar com Bolsonaro não condenado, com Bolsonaro na corrida presidencial”, disse Eduardo se referindo à sanção econômica contra o Brasil.
  • Jair: No mesmo dia, antes do parecer da PGR, Bolsonaro disse que “o sistema” quer “destruí-lo por completo”.

15 de julho: Bolsonaro dá entrevistas e diz não pensar em sair do País

Bolsonaro afirmou que não pensa em deixar o Brasil para evitar uma possível condenação do STF. Sobre a possibilidade de ser preso, o réu disse que “tudo pode acontecer”. Trump voltou a falar do ex-presidente, dizendo que ele é “homem bom”, que “lutou muito pelo Brasil”, “um homem respeitado” e que “não é desonesto”.

  • Jair: Na mesma entrevista ao Poder360, Bolsonaro é questionado sobre se houve participação dele ou dos filhos na questão tarifária. Ele respondeu: “Minha, zero. Não existe lobby. O americano vai com os fatos”.
  • Eduardo: O deputado escreveu em seu perfil no Twitter: “Perseguição política tem custo econômico e isso independe de mim. Estudem a história”.
  • Flávio: O senador defendeu “anistia ampla, geral e irrestrita” para o Brasil voltar à normalidade. “Todos nós sonhamos com a volta à normalidade no Brasil! Isso passa, inevitavelmente, por uma anistia ampla, geral e irrestrita”, diz parte da publicação em seu perfil no X.

16 de julho: Trump volta a criticar julgamento de Bolsonaro

Bolsonaro criticou novamente a ação penal que Bolsonaro responde por golpe de Estado, dizendo ser uma “vergonha” o tratamento dado pelo Brasil ao ex-chefe do Executivo.

“Conheço Bolsonaro e acredito que ele seja um homem honesto”, disse o presidente americano, pelo segundo dia seguido defendendo Bolsonaro.

17 de julho: Trump manda carta a Bolsonaro e relaciona tarifaço a fim de ‘regime ridículo de censura’

Em carta publicada em sua rede social e endereçada a Bolsonaro, Trump afirmou que tarifaço é “manifestação de desaprovação” à ação penal do golpe em que Bolsonaro é réu.

  • Jair: Bolsonaro foi ao Senado, visitou o gabinete de Flávio, participou de sessão especial do Senado em homenagem póstuma a um pastor, e chorou pedindo orações. O ex-presidente também falou que Eduardo é “mais útil” nos EUA, e se colocou à disposição para conversar com o presidente sobre tarifaço. Bolsonaro também negou que ele ou o filho tenham participação na decisão de Trump. “Eu sou o responsável? Ele está fazendo com o mundo todo. E o mundo tá negociando”, disse.

18 de julho: Medidas cautelares contra Bolsonaro

Bolsonaro é alvo de mandado da PF e terá que cumprir medidas restritivas autorizadas por Moraes. Ele deve usar tornozeleira eletrônica, ficar em casa das 19h às 7h, em dias úteis, e durante todo o final de semana, além de não poder usar as redes sociais nem se comunicar com outros réus, diplomatas ou embaixadores estrangeiros.

  • Flávio: Senador publicou nota em seu X dizendo que “o justo” seria que Trump suspendesse a tarifa de 50% e, em vez disso, aplicasse sanções individuais a quem supostamente pratica perseguições para interesses próprios. A publicação, entretanto, foi apagada em seguida.
  • Eduardo: Afirmou que Moraes faz “acusações construídas com base em ações legítimas do governo dos Estados Unidos, iniciadas logo após o anúncio das tarifas impostas por Trump ao Brasil”. “Na prática, Alexandre de Moraes está tentando criminalizar Trump e o próprio governo americano. Como é impotente diante deles, decidiu fazer do meu pai um refém. Com isso, além de atacar a democracia brasileira, ele ainda deteriora irresponsavelmente as relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos – um ato de sabotagem institucional de consequências imprevisíveis.”
  • Jair: Após as medidas cautelares e em entrevista a jornalistas nesta sexta, Bolsonaro disse que Eduardo não articulou a imposição de tarifas contra o Brasil. “Foram do Trump”, afirmou. A resposta contrasta com declarações feitas ao longo da última semana por Eduardo e pelo próprio pai, que admitiram a influência junto à Casa Branca na tentativa de colher apoio do presidente americano.

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