27 de julho de 2025
Politica

Trump impõe ‘tratamento do silêncio’ e deixa Lula falando sozinho

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Depois de anunciar que taxará os produtos brasileiros em 50%, o presidente norte-americano Donald Trump vem dando ao colega do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, o tratamento do silêncio. Lula diz que quer negociar, manda carta, tenta alguma conversa. Trump recorre àquela comunicação passivo-agressiva em que uma parte ignora a outra, age como se o outro não existisse, no máximo, manda alguma indireta. “Talvez em algum momento, mas não agora”, disse o norte-americano, ao ser perguntado se falaria com Lula.

Nos relacionamentos interpessoais, os psicólogos classificam esse tipo de conduta como tóxica. A vítima fica ansiosa, confusa, cede só para quebrar o “gelo”. E reforça o comportamento do bullying, que se repete ad infinitum.

É o que vem acontecendo com o governo brasileiro, que está confuso e ansioso. Até agora, a estratégia era Lula falar grosso e deixar as tentativas de diálogo para seus ministros, especialmente o vice-presidente Geraldo Alckmin, que acumula a pasta do Comércio. Mas não há conversa com os norte-americanos. Nem a carta enviada em maio, quando o Brasil foi taxado em 10%, até hoje foi respondida.

Donald Trump tem evitado responder aos pedidos de negociação do governo americano no caso das tarifas de 50%
Donald Trump tem evitado responder aos pedidos de negociação do governo americano no caso das tarifas de 50%

Como mostrou a repórter Célia Froufe no Estadão/Broadcast, houve um desmonte na diplomacia norte-americana e os diplomatas nunca sabem se as tratativas feitas por eles serão respaldadas pela Casa Branca.

Nem embaixador os americanos têm no Brasil. A autoridade maior é o encarregado de negócios, Gabriel Escobar, que foi algumas vezes chamado ao Itamaraty para explicar os atos de seu presidente.

Com 1º de agosto se aproximando, ‘Dia D’ para entrar em vigor as tais tarifas de 50%, a ansiedade dos brasileiros aumenta. Na semana passada, em entrevista ao Estadão/Broadcast, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que não trabalhava com a hipótese de não superar a taxação. A declaração foi dada quando questionado sobre os impactos da aplicação da medida.

Já era estranho, naquele momento, o governo não ter o efeito da tarifa nem estratégia para enfrentá-la, mas a realidade prevaleceu e, nesta semana, o próprio Haddad passou a dizer que haveria um plano de contingência para o caso de Trump colocar a ameaça em prática, que incluiria socorro aos setores atingidos. A ideia do ministro logo foi copiada por governadores e, até agora, Tarcísio de Freitas, em São Paulo, e Ronaldo Caiado, em Goiás, já anunciaram que também terão linhas para apoiar exportadores prejudicados pela alíquota extra.

Diante da total falta de racionalidade de Trump e dos vários recuos do passado, a esperança do governo é que, até sexta-feira da semana que vem, em algum momento, o Brasil seja contemplado pela boa vontade do “magnânimo” presidente dos EUA e seja poupado do que seria a maior tarifa aplicada pelo País até agora. Haja vista os acordos fechados por ele esta semana com Japão e Indonésia.

Acontece que, no caso desses Países, a questão era meramente econômica, e, no nosso, há o componente político – leia-se Trump se levantando contra o julgamento de Jair Bolsonaro – que dificulta qualquer oferta que possa ser feita pelo lado brasileiro.

Enquanto isso, os brasileiros vão fazendo o que podem. Na semana que vem, uma comissão de senadores de situação e oposição segue para Washington, onde deve ter reuniões com parlamentares e empresários. Alckmin vem estimulando o setor privado a entrar no jogo – já recebeu mais de 120 empresários. Os próprios executivos têm entrado na Justiça dos EUA contra a futura taxação, além de manter negociações com companhias de lá.

Está tudo nas mãos de Trump. Lula continuará vivendo uma relação tóxica ou conseguirá se libertar? Semana que vem saberemos.

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