26 de julho de 2025
Politica

Marcelo Câmara nega participação em golpe e diz que Cid pôs codinome ‘professora’ em Moraes

BRASÍLIA – O coronel Marcelo Câmara, que atuou como assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), confessou nesta quinta-feira, 24, em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o codinome “professora” identificado pela Polícia Federal (PF) na investigação da trama golpista se referia ao ministro Alexandre de Moraes.

A PF identificou trocas de mensagens entre Câmara e o ex-chefe da Ajudância de Ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, em que os militares usavam codinomes para se referir a autoridades. Os investigadores apuraram os dois monitoraram o deslocamento de Moraes a partir de “acesso privilegiado de informações” sobre o ministro.

Coronel Marcelo Câmara foi ouvido na audiência de custódia.
Coronel Marcelo Câmara foi ouvido na audiência de custódia.

“As circunstâncias identificadas evidenciam ações de vigilância e monitoramento em níveis avançados, o que pode significar a utilização de equipamentos tecnológicos fora do alcance legal das autoridades de controle”, afirmou a PF.

Câmara alegou em seu depoimento ao STF nesta quinta-feira que o codinome foi criado por Cid, pois seria prática corriqueira do “linguajar” dos militares utilizar alcunhas para se referir a pessoas. “Partiu do coronel Cid o termo professora. Ele, inclusive, diz que foi uma brincadeira. Eu entrei nessa brincadeira. Não tinha o objetivo de esconder nada”, afirmou.

O coronel atribui a Cid a responsabilidade pelo monitoramento de Moraes e disse se sentir “usado” por ele. Câmara afirmou que apenas recebia as ordens do ex-ajudante de ordens e “não perguntava nada para ele”. O militar, contudo, alegou que “o nosso objetivo ao receber essas solicitações do Cid era ajuste de agenda e aproximação com o ministro”.

“Se alguma coisa que eu passei para o tenente-coronel Cid, e daí ele passou de alguma forma a não ser o que eu esperava, eu me sinto até usado nisso aí. Eu não sou imaturo, não sou menino. Mas a gente tem a confiança de trabalho, eu confiava muito”, disse Câmara. “De uma hora para outra eu começo a perceber que estava sendo usado, me causa realmente, eu fico muito chateado com isso porque não era a minha intenção.”

Ainda segundo Câmara, as informações coletadas por ele não “tinham profundidade e nem são completas em termo de monitoramento”. O coronel disse ter usado do seu “conhecimento” junto a pessoas do cerimonial da Presidência e de outros órgãos para obter informações sobre a possível localização de Moraes.

O ex-assessor também negou ter participado de grupos e reuniões que teriam discutido formas de efetivar um golpe de Estado para manter Bolsonaro. “Eu era considerado caxias para certas coisas”, disse Câmara na tentativa de justificar que nunca participou de ações criminosas e nem seria capaz de tal feito.

 

 

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