28 de julho de 2025
Politica

Coronel confirma ter sugerido a Mário Fernandes reunião ‘com a rataria’ por plano de golpe

O coronel da reserva do Exército Reginaldo Vieira de Abreu, acusado de interferir em relatórios sobre dados das urnas eletrônicas nas eleições de 2022, foi o último réu do ‘núcleo de desinformação’ a depor no Supremo Tribunal Federal nesta quinta-feira, 24. O militar negou a participação na trama golpista, mas confirmou ter desabafado com o general Mário Fernandes para que fosse organizada uma reunião com a “rataria” a favor do plano golpista.

Reginaldo era chefe de gabinete do então secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República, general Mário Fernandes, que teria pressionado o então comandante do Exército, general Freire Gomes, a aderir ao plano de golpe, além de fazer a interlocução entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e os manifestantes acampados em frente aos quartéis.

Reginaldo Vieira de Abreu, coronel do Exército
Reginaldo Vieira de Abreu, coronel do Exército

Segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República, Reginaldo de Abreu sugeriu ao general Mário Fernandes que o ex-presidente deveria fazer uma reunião com os militares dispostos a atuar em favor da trama.

Durante seu interrogatório, ele confirmou ter enviado a seguinte mensagem. “Kid Preto, o presidente, ele tem que fazer uma reunião com o petit comité. O pessoal ia fazer uma reunião essa semana, o comandante do Exército, aí chegou Paulo Guedes, chegou o pessoal do TCU, da AGU, aí não pode, tem esse pessoal, é… Esse pessoal acima da linha da ética não pode estar nessa reunião, tem que ser petit comité, pô. Tem que ser a rataria, ele e a rataria. Com o comandante do Exército, mas petit comité, essa galera não pode estar aí, porra, aí tem que debater o que que vai ser feito.”

Reginaldo negou ter contato com Bolsonaro e afirmou que a comunicação com o general foi apenas um “desabafo”.

A acusação afirma que o militar teria pressionado a comissão do Exército no comitê de reavaliação da segurança das eleições para produzir um relatório que confirmasse supostas fraudes no sistema de votação.

“Nunca tive influência sobre eles [a comissão], nem tinha condição de sair da minha função”, declarou.

A denúncia da PGR aponta mensagem do general Mário Fernandes em que ele solicitou a gravação de uma audiência pública sobre a inserção da publicidade eleitoral, para posterior divulgação em redes sociais.

Os réus da Ação Penal (AP) 2694, que integram o Núcleo 4 da tentativa de golpe de Estado
Os réus da Ação Penal (AP) 2694, que integram o Núcleo 4 da tentativa de golpe de Estado

A audiência no âmbito da ação do golpe nesta quinta, 24, foi presidida pela juíza auxiliar Luciana Sorrentino, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), que atua no gabinete do ministro Alexandre de Moraes.

Um pouco antes do depoimento do coronel Reginaldo, foi ouvido o tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida, acusado de disseminar massivamente mensagens em defesa do golpe.

Segundo a denúncia, o militar atacava diretamente as urnas eletrônicas com o objetivo de manter as pessoas mobilizadas em frente aos quartéis do Exército.

Especialista em operações psicológicas, Almeida negou agir em favor de uma ruptura em apoio a Bolsonaro. Segundo ele, não havia produção de informações, apenas repasses de links e conteúdos em grupos de apoiadores do ex-presidente.

“Eu tinha uma preocupação muito grande com a imagem da Força. Eu sabia que as Forças Armadas não agiriam por iniciativa nenhuma. Se tivessem que agir, seria conforme manda o artigo 142, por iniciativa de algum Poder. Minha intenção era que as pessoas saíssem, porque era uma situação vexatória para a Força.”

 

 

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