15 de agosto de 2025
Politica

Áudios mostram Bolsonaro irritado com acusação de desvio de recursos públicos; ouça

BRASÍLIA – Mensagens de áudio enviadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro a aliados por WhatsApp demonstram sua irritação com acusações de desvios de recursos públicos no caso das joias e até mesmo por ser chamado pelo rótulo de “extrema direita”. Procurada, a defesa do ex-presidente disse que não iria se manifestar sobre o assunto.

O ex-secretário de Comunicação Social, Fábio Wajngarten, enviou a Bolsonaro no dia 28 de abril de 2023 um resumo de notícias publicadas sobre a investigação das joias, que citavam suspeitas de peculato pelo Ministério Público Federal. O caso das joias foi revelado pelo Estadão. Bolsonaro respondeu com uma mensagem de áudio.

O ex-presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, mostra para os jornalistas a tornozeleira eletrônica que foi colocada por ordem do Supremo Tribunal Federal
O ex-presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, mostra para os jornalistas a tornozeleira eletrônica que foi colocada por ordem do Supremo Tribunal Federal

“Ô Fábio, a nota aí né. Indícios de desvio de recurso público. Que que é isso? Onde é que inventou isso pô? Indícios pra me incriminar com peculato? É uma piada realmente. Valeu”, disse o ex-presidente.

Na época, o foco da investigação era a tentativa feita no final do seu governo para retirar um conjunto de joias retidas no aeroporto de Guarulhos, dadas de presente pelo governo da Arábia Saudita. Ainda não se sabia que seus aliados tentaram vender outros itens nos Estados Unidos.

Em outro trecho da conversa, Wajngarten enviou ao ex-presidente uma notícia dizendo que Bolsonaro seria recebido por integrantes de um partido de extrema direita em uma viagem planejada para Portugal – que acabou não ocorrendo. Ele reclamou do rótulo, em outro áudio.

“Ô Fábio, tu sabe que… Os caras vão manter isso o tempo todo né, que é só extrema direita. Falou comigo é extrema direita. O Trump também deve ser extrema direita. Tá ok, mas a gente vai vencer isso aí, vai vencer a extrema esquerda, pode deixar. Valeu”, afirmou. Procurado, Wajngarten não quis comentar.

Bolsonaro também foi acionado por aliados para intervir em disputas do PL nos Estados. Uma delas envolveu a briga pelo comando do diretório do partido na Paraíba, que opunha os deputados Cabo Gilberto e Wellington Roberto. Por causa disso, ele enviou um áudio a Valdemar Costa Neto, presidente do partido, explicando a situação e defendendo que Wellington ficasse à frente da legenda no estado.

“Ô Valdemar, tá dando atrito forte aí entre o deputado Wellington Roberto e o Cabo Gilberto. Isso aí o que tá acontecendo lá na Paraiba… O pessoal nosso tá fugindo. Então tem que apagar esse incêndio imediatamente. A decisão é tua. Eu vou pelo Wellington Roberto assumir aquele negócio lá, mas a decisão é tua, ok. Valeu”, disse Bolsonaro. A defesa de Valdemar Costa Neto disse que ele não iria se manifestar.

O ex-ministro Gilson Machado também pediu uma ajuda ao ex-presidente da República para comandar a legenda no Recife.

“Gilson, vamo lá, a batalha se ganha por partes. A legenda é tua lá em Recife, não se discute esse fato, tá ok. É o primeiro passo da vitória pra nós aí. Tá ok. O resto vai trabalhando aí”, disse. Gilson efetivamente foi o candidato do PL à Prefeitura de Recife em 2024, mas obteve apenas 13,9% dos votos. Foi derrotado pelo prefeito João Campos (PSB), que disputou a reeleição.

Em junho deste ano, o ex-ministro chegou a ser preso por ordem do Supremo Tribunal Federal. A Procuradoria-Geral da República (PGR) levantou a suspeita de que ele tentou obter um passaporte português para o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), sair do Brasil. Após operação da PF, Machado foi liberado. Procurada, a defesa não retornou os contatos. Na época da operação, o ex-ministro negou ter pedido o passaporte português para Cid.

 

 

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