Empresa de alvo de operação da PF tem R$ 164 milhões em contratos com governo Lula
O governo Lula tem R$ 164 milhões em contratos ativos com a Voare Táxi Aéreo, cujo dono, Renildo Lima, foi alvo nesta quarta-feira, 30, de uma operação da Polícia Federal (PF) que mirou também sua mulher, a deputada Helena Lima (MDB-RR) e o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Samir Xaud. A PF investiga compra de votos e fez buscas na sede da CBF. Na campanha do ano passado, Renildo foi flagrado R$ 500 mil, parte na cueca, e ficou preso por um dia.
A suspeita é de que a quantia apreendida com o grupo seria usada para comprar votos em Roraima. Foram feitos bloqueios judiciais de cerca de R$ 10 milhões nas contas dos investigados. Samir Xaud e Helena Lima são aliados e colegas de MDB. Em 2022, ambos concorreram à Câmara, mas só Helena se elegeu. Xaud ficou como suplente.
Procurados, o empresário e a deputada não responderam. A CBF disse que o presidente da entidade está “tranquilo e à disposição das autoridades”. Leia o comunicado ao fim da reportagem.
A Voare Táxi Aéreo é controlada pelo empresário Renildo Lima, marido da deputada e fundadora da companhia, e Eduarda Lima, uma filha do casal. A companhia tem dois contratos em vigor com o Ministério da Saúde, que somam R$ 164 milhões, para atendimento médico a indígenas. Há também três com o Ministério da Defesa, para o Exército, no valor de R$ 506 mil.
Como mostrou a Coluna do Estadão, no início do mês um helicóptero da empresa a serviço do Ministério da Saúde caiu e matou dois indígenas na Terra Yanomami, em Roraima. Em dezembro passado, um avião da Voare havia tido outro acidente ao sair da pista de pouso na terra indígena. Ninguém se feriu na ocasião.
Em pelo menos 15 anos de contratos públicos, a Voare bateu recordes de faturamento com o governo federal em 2023 e 2024, na gestão Lula, já com a deputada no mandato.

Presidente da CBF responde a processo por fraude em hospital público
O presidente da CBF, Samir Xaud, responde a outro processo em Roraima. É investigado por improbidade administrativa por supostas fraudes quando era diretor-geral do Hospital Geral de Roraima, como mostrou a Coluna.
Segundo o Ministério Público estadual, Xaud e outros seis gestores atuaram na falsificação de documentos para simular serviços e geraram um prejuízo de R$ 1,4 milhão ao governo do estado. O dirigente nega irregularidades.
Leia o comunicado da CBF
“A CBF informa que recebeu agentes da Polícia Federal em sua sede entre 6h24 e 6h52 desta quarta-feira, num desdobramento de investigação determinada pela Justiça Eleitoral de Roraima. É importante ressaltar que a operação não tem qualquer relação com a CBF ou futebol brasileiro e que o presidente da entidade, Samir Xaud, não é o centro das apurações”.