3 de agosto de 2025
Politica

Trump faz ‘ataque sem precedentes ao Judiciário brasileiro’, diz The Economist

A revista britânica The Economist publicou nesta quinta-feira, 31, um editorial intitulado “O ataque sem precedentes de Donald Trump ao Judiciário brasileiro”. O texto defende que sancionar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky representa uma investida inédita contra uma “democracia em funcionamento”.

A The Ecnonomist cita que a Lei Magnitsky já foi utilizada contra ditadores, generais genocidas e autoridades que assassinaram dissidentes políticos. “Moraes não fez nada parecido”, diz a revista. A sanção foi aplicada ao magistrado por conduzir o processo criminal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), aliado de Trump, acusado de planejar a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

“Ter como alvo um juiz em exercício em uma democracia em funcionamento é algo sem precedentes”, cita a revista.

Lei Magnitsky, dispositivo legal acionado por Donald Trump nunca havia sido utilizado contra membros de uma Suprema Corte
Lei Magnitsky, dispositivo legal acionado por Donald Trump nunca havia sido utilizado contra membros de uma Suprema Corte

A revista diz que o embate entre Donald Trump e Alexandre de Moraes se iniciou em 2019, com o inquérito das fake news. Sob relatoria do magistrado, o processo investiga a desinformação sobre instituições democráticas no Brasil por meio das redes sociais, e teve como alvo empresas norte-americanas.

Para a revista, a investigação foi “controversa desde o início”, pois a falta de regulamentação das redes sociais no Brasil faz com que os processos relacionados ao tema recaiam sobre o Supremo.

No entanto, o texto destaca que “nenhuma das ações do Sr. Moraes foi ilegal nos termos do Brasil. Ele é fortalecido pela Constituição brasileira, uma das mais longas do mundo, que abrange tudo, desde assistência médica a salários”.

Além disso, o editorial critica os apoiadores de Jair Bolsonaro por “ignorarem as evidências em sua acusação” de fomentar, inclusive por meio das redes sociais, o ataque aos Três Poderes em Brasília, em 8 de janeiro de 2023.

“Os aliados de Bolsonaro fazem o tumulto parecer um chá da tarde”. A revista também chamou os episódios do 8 de janeiro de “orgia vandalística“.

Além das fake news, Jair Bolsonaro também é acusado de estar envolvido em “ações mais brutais para permanecer no poder”, diz o jornal. “De acordo com a Polícia Federal, seu vice-chefe de gabinete, Mário Fernandes, elaborou um plano para assassinar ou sequestrar Moraes, bem como Lula, como o presidente é conhecido, e seu companheiro de chapa, antes que pudessem tomar posse”. Mario Fernandes ocupou o cargo de secretário-executivo (número 2) da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro.

Lei Magnitsky ‘saiu pela culatra’

O editorial finaliza afirmando que apesar de o governo Trump acreditar que as sanções contra Moraes podem pressionar o Supremo a libertar Bolsonaro, “o uso inovador da Lei Magnitsky pode sair pela culatra“.

“Lula agora enquadra o clã Bolsonaro como ‘traidor’. A maioria dos brasileiros concorda”, diz a revista. “O Sr. Moraes, acostumado a receber ameaças de morte, é difícil de intimidar. No dia em que as sanções foram anunciadas, ele voou para São Paulo para assistir a uma partida do seu time de futebol favorito”, finaliza o texto em referência ao jogo do Corinthians na última quarta-feira que o ministro foi flagrado fazendo um gesto obsceno.

 

 

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