4 de agosto de 2025
Politica

Planalto vê tarifaço como ‘novo 8 de janeiro’ e aposta em relação zerada com Congresso

Integrantes do Palácio do Planalto têm feito uma comparação, em termos de efeito político, entre o 8 de janeiro e o tarifaço do presidente americano, Donald Trump, contra o Brasil. No começo de 2023, quando bolsonaristas invadiram os prédios dos três Poderes, houve união em torno do governo Lula, que ganhou uma trégua do Congresso. A aposta é de que o mesmo ocorrerá desta vez, por se tratar de um ataque dos EUA à soberania do País. Por isso, na volta do recesso parlamentar, o Executivo acredita em relação zerada com a Câmara e o Senado.

Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizem ver uma melhora significativa no ambiente político porque o tarifaço, além de unir os Poderes, gerou recuperação da popularidade do petista e colocou a extrema-direita na defensiva.

“Mudou o astral”, afirmou à Coluna do Estadão um auxiliar de Lula. O último estresse do governo com o Congresso foi o veto do petista ao aumento do número de deputados. Mas o Planalto avalia que houve tempo suficiente para o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), digerir a derrota.

A estratégia, com a retomada dos trabalhos legislativos nesta semana, será chamar as principais lideranças do Centrão para fechar um acordo pela aprovação das duas principais bandeiras do Planalto no segundo semestre: o projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda e a PEC da Segurança Pública.

Planalto faz a seguinte conta: mais popularidade, menos hostilidade

Membros do governo citam a pesquisa AtlasIntel/Bloomberg divulgada na quinta-feira, 31, que mostrou pela primeira vez em 2025 a aprovação de Lula maior que a desaprovação. Mais popularidade, na visão do Planalto, significa menos hostilidade no Congresso.

Os auxiliares do presidente reforçam também que, após a derrubada do decreto do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), na maior crise enfrentada neste ano, o governo conseguiu ganhar a narrativa nas redes sociais, e o Legislativo acabou saindo do episódio com a pecha de não querer aumentar tributos para os ricos.

PT reforça exército digital

O PT, por sua vez, quer dobrar a aposta em conteúdo nas redes sociais e pretende aumentar o uso de verba do fundo partidário para turbinar seu “exército digital”, como mostrou a Coluna do Estadão. O objetivo é reforçar a estratégia do Planalto para tentar manter a recuperação da popularidade de Lula com foco nas eleições de 2026.

Como antecipou também a Coluna, o PT também reforçou a estratégia de Lula para 2026 com a apresentação de um novo projeto de lei para combater os supersalários no serviço público. A proposta limita os “penduricalhos” que empurram a remuneração de servidores para valores muito acima do teto constitucional.

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República

 

 

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