5 de agosto de 2025
Politica

Promotoria abre investigação sobre cartões corporativos no Corinthians e gasto com babyliss e Cialis

O Ministério Público de São Paulo vai investigar supostas irregularidades no uso do cartão corporativo da presidência do Corinthians nas gestões de Andrés Sanchez e Duilio Monteiro Alves. Para a Promotoria, há fortes indícios de furto qualificado, com compras em empresas de fachada e em bens incompatíveis com as necessidades do clube, como um kit babyliss e o medicamento Cialis 20mg (para disfunção erétil).

Estadão pediu manifestação do Corinthians e das defesas de Andrés Sanchez e Duilio Monteiro Alves. O espaço está aberto.

De acordo com o promotor Cássio Roberto Conserino, foi identificada uma relação de aquisições ou supostas aquisições com empresas regulares ou de fachada, sem qualquer pertinência com os interesses do Sport Club Corinthians Paulista ou, no último caso, com o objetivo de sangrar os cofres do referido time de futebol.

Ministério Público pede esclarecimentos sobre gastos das gestão do ex-presidente do Corinthians Duilio Monteiro Alves
Ministério Público pede esclarecimentos sobre gastos das gestão do ex-presidente do Corinthians Duilio Monteiro Alves

Em meio a uma crise financeira e política sem paralelo, ex-dirigentes do clube são alvos de investigações da Polícia Civil e do Ministério Público por desvios de dinheiro. O presidente afastado, Augusto Melo, e outros ex-diretores se tornaram réus por supostos desvios de R$ 40 milhões do contrato de publicidade entre o clube e o site de apostas “Vai de Bet”.

O Ministério Público agora quer analisar a prestação de contas do Corinthians entre os anos de 2018 e 2023. Além disso, o promotor recomendou o cancelamento do cartão corporativo, com base na declaração do presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma, em que se admitiu a “ausência de completo regramento sobre a utilização do cartão corporativo” e a imediata instalação de mecanismos de controle interno que garantam a integridade das contas do clube.

Segundo o promotor Cássio Conserino, é necessário dar publicidade à análise das contas, uma vez que o Corinthians conta “com mais de trinta milhões de torcedores que têm o direito de saber como o dinheiro empregado no clube é gerido”.

Ao citar compras suspeitas, a Promotoria alega que, apenas na última semana de outubro de 2023, o Corinthians, sob a gestão de Duílio Monteiro Alves, gastou R$ 32,5 mil em uma empresa de alimentos cujo endereço não consta “qualquer comércio ou resquício de comércio”. Conserino destaca que foi até o local e constatou in loco que, de fato, naquele endereço “não consta ou constou comércio algum”.

Para ele, “considerando isoladamente essa circunstância, já bastaria para exsurgir justa causa para aditamento da presente portaria e consequente persecução investigatória, porque, em tese, há a possibilidade de relação ‘comercial’ com empresa de fachada e, consequentemente, furto/desvio de dinheiro do Sport Club Corinthians Paulista”.

Também foi verificado um gasto de R$ 9,4 mil para manutenção de carro, embora não haja indicação se foi um carro do ex-dirigente ou da frota do Corinthians.

O promotor cita uma lista com 176 compras até 31 de outubro de 2023, em que foram gastos cerca de R$ 86,5 mil com produtos “claramente dissonantes do interesse de um clube de futebol”. A investigação também pede esclarecimento sobre a compra de um babyliss boost no valor de R$ 920 e de um kit babyliss Gold Collection, no valor de R$ 2.080,00 .

De acordo com o MP, em outubro de 2023 o clube realizou a compra de um medicamento para ereção.

Além disso, nas contas de outubro, há também o pagamento de R$ 2 mil para prestação de serviços “temporários e esporádicos, sem quaisquer especificações”, para Sidney Balbino dos Santos, que foi assessor parlamentar entre 2015 e 2017 do ex-deputado federal André Sanches, (PT-SP) que teve mandado de 2015 até 2019.

Promotor vê irregularidades na contratação de ex-assessor parlamentar de Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians e ex-deputado federal pelo PT em São Paulo.
Promotor vê irregularidades na contratação de ex-assessor parlamentar de Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians e ex-deputado federal pelo PT em São Paulo.

Além do parlamento, Sanches teve duas passagens à frente do Corinthians: entre 2007 e 2011, e de 2018 até 2020. Logo depois, foi sucedido por Duílio Monteiro Alves até 2023.

“Recomenda-se a imediata instalação efetiva, autônoma e independente de mecanismos internos de controle, integridade, governança, prevenção de riscos, programas, políticas e código de boas condutas de compliance no Sport Club Corinthians Paulista, para implementar um Direito Penal profilático e evitar problemas desta natureza”, destacou o promotor.

O Estadão busca contato com os ex-dirigentes. O espaço está aberto (nalbert.antonino@estadao.com;fausto.macedo@estadao.com)

 

 

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