4 de agosto de 2025
Politica

Ala do União pressiona por desembarque, mas nomes de Alcolumbre continuariam no governo

BRASÍLIA – Com a aproximação da formalização da federação com o PP, cresce em uma ala do União Brasil o movimento pelo desembarque do partido do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A pressão aumentou com as críticas feitas pelo presidente nacional da legenda, Antonio de Rueda, ao chefe do Executivo, em evento realizado pela XP Investimentos na semana passada, o que causou insatisfação do petista.

Fontes consultadas pelo Estadão/Broadcast, no entanto, consideram que, em caso de uma eventual saída, alguns dos indicados pela sigla, como os ministros da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e das Comunicações, Frederico Siqueira, devem permanecer no cargo por causa do apoio do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que mantém boas relações com o Planalto.

Aliados de Davi Alcolumbre devem continuar no governo caso o União Brasil decida romper com a gestão Lula
Aliados de Davi Alcolumbre devem continuar no governo caso o União Brasil decida romper com a gestão Lula

Tanto Góes quanto Siqueira não têm filiação com o União, ao contrário do ministro do Turismo, Celso Sabino, que poderia entrar na mira da legenda. Parlamentares, contudo, discordam de uma possível expulsão, ponderando que uma eventual saída poderia ocorrer de forma acordada e amigável.

Em meio à pressão, a principal indicação é que a saída deve ser um dos primeiros assuntos a serem discutidos assim que a federação entre o União e o PP for formalizada. O anúncio da aliança entre as legendas foi feito há meses, mas ainda são necessários trâmites finais para a sua constituição formal, esperada para ocorrer neste segundo semestre.

O clima entre o União e o governo Lula vem se agravando desde o impasse envolvendo a recusa do líder da legenda na Câmara, Pedro Lucas Fernandes (União-MA), em assumir o Ministério das Comunicações após a saída de Juscelino Filho (União-MA), acusado de corrupção por suposto desvio de emendas parlamentares.

Outro momento de tensão foi o posicionamento conjunto com o PP em relação ao imbróglio do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Na ocasião, o presidente dos Progressistas, senador Ciro Nogueira, afirmou que defenderia que a primeira discussão da Federação União-PP seja a proibição de qualquer membro da legenda de integrar o governo.

O capítulo mais recente e mais tenso da relação foi a fala de Rueda na Expert XP, evento promovido anualmente pela corretora de investimentos. Na ocasião, o presidente do União declarou que Lula “provocou” e “instigou” o aumento tarifário imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produtos brasileiros. A declaração levou Lula a convocar os ministros indicados pela legenda e cobrá-los.

Nesta segunda, 4, a federação divulgou um posicionamento conjunto criticando declarações feitas por Lula, sobre o tarifaço, durante o Encontro Nacional do PT. No texto, Rueda e o presidente do PP, Ciro Nogueira, afirmam que as falas de Lula podem “agravar as tensões econômicas e diplomáticas” com os EUA. A nota argumenta que a adoção, por parte do chefe do Executivo, de uma “retórica confrontacional” “compromete” a capacidade do país de negociar “com pragmatismo” e buscar acordos que minimizem o impacto das tarifas.

 

 

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